Francisco Assis, eurodeputado do PS, e uma das vozes mais críticas da solução governativa denominada “geringonça”, manteve-se em silêncio durante seis meses. Afastou-se “deliberadamente” de um programa de televisão onde fazia comentário político, porque “não estava em condições de assegurar a defesa do PS. Mas, a uma semana do congresso socialista, voltou a falar. Foram três entrevistas, ao Expresso, Diário de Notícias e Observador, todas publicadas no mesmo dia. Seria o sábado de Assis, não fosse Ronaldo ter marcado o penálti decisivo do Real Madrid na final da Liga dos Campeões.
Afinal, o que quer Francisco Assis?
Quer falar na tarde de sábado, 4, no congresso do PS, em Lisboa. Ter tanta possibilidade discursar como Pacheco Pereira – um dos convidados do PS – porque, se isso não acontecer “ficaria muito desiludido”, pois “seria sinal de uma doença muito grave” do seu partido. Assis, que não votou em António Costa nas diretas de há uma semana, aliás, sem sequer participou na eleição, não tem direito a voto no congresso, mas se tivesse “votaria contra a moção” de Costa. Porque “não dedica praticamente nenhuma palavra ao mundo empresarial”, é praticamente reduzida à ideia de que através do aumento do consumo interno relançaremos a economia”. Em suma, “não vi lá nada de muito significativo”.
Nos seis meses em que esteve em silêncio, o eurodeputado não viu que “tenham sido promovidas reformas significativas”, “nem tenho expectativa de que elas venham a ser concretizadas”.
Assis não quis ficar de fora do último campeonato dos otimistas e pessimistas – Marcelo disse que Costa é um “otimista crónico e, às vezes, ligeiramente irritante” e Costa respondeu que “ser otimista não é desconhecer as dificuldades” – e diz que não é “delirantemente otimista, mas não sou irritantemente pessimista. Tenho algum otimismo”. Um moderado, então.
E o que vai dizer?
Não conseguimos adivinhar o seu discurso, mas nas três entrevistas que aqui citamos ficamos com uma ideia. Continua a achar a “geringonça” (palavra que não utiliza) uma “solução péssima”, porque as divergências entre os três partidos, PS, BE e PCP, “são profundas” em “matérias fundamentais”. Assis diz que o PS está “prisioneiro” dos bloquistas e comunistas” e que a geringonça é “contranatura”, representado uma “cisão histórica” nos tradicionais entendimentos entre PS e a direita “questões fundamentais”.
Por enquanto, o eurodeputado vai ao conclave porque quer “exprimir” o seu “ponto de vista”. Não tem intenção de se voltar a candidatar a secretário-geral do PS, mas tudo tem o seu tempo.
Fonte das citações: Diário de Notícias, Expresso e Observador