Primeiro foram os protestos em surdina. Depois foi o buzinão contra as obras no Eixo Central. Agora, foi a vez do Automóvel Clube de Portugal, dirigido por Carlos Barbosa, vir a terreiro protestar contra as obras nas vias públicas da capital.
Intitulada Obras da Câmara: Incompetência e Desrespeito pelos Lisboetas, a carta aberta hoje (quarta-feira, 25) publicada nos diários nacionais, considera “que as decisões políticas não se baseiam em estudos técnicos sérios”, incorrendo as obras em “consequências nefastas para todos e para a cidade”.
Na carta do organismo dirigido por Carlos Barbosa, elencam-se algumas das consequências: por causa das obras em Alcântara “as filas de trânsito chegam a Belém, mesmo fora do período de ponta da manhã”; bloqueamento da Praça de Espanha, com as “filas na Avenida de Ceuta a chegar ao Aqueduto das Águas Livres e na Avenida dos Combatentes até à Embaixada dos EUA”. No texto de página inteira publicada na imprensa diária, é também denunciada a situação nas Avenidas Novas, zona da cidade alvo de várias intervenções em simultâneo.
O Automóvel Clube de Portugal tem cerca de 200 mil associados e não muda de presidente há há 12 anos. Carlos Barbosa tem sido apontado como possível candidato à Câmara Municipal de Lisboa, com o apoio dos partidos da direita parlamentar.
A Câmara Municipal tem neste momento várias obras em curso na cidade. Junto ao rio Tejo, há intervenções no Campo das Cebolas, no Largo do Corpo Santo/Cais do Sodré, na Avenida 24 de Julho e na Avenida Infante Santo. Na zona do Eixo Central, as obras decorrem na Avenida Fontes Pereira de Melo e na zona do Saldanha (avenidas 5 de Outubro e Praia da Vitória).
Na quarta-feira, 18 de maio, por causa de um acidente na Ponte 25 de Abril, a cidade parou durante várias horas. O impacto no trânsito foi muito mais grave do que é habitual, tendo paralisado completamente a capital: houve condutores a gastar mais de duas horas para fazer a travessia entre a zona norte e sul da cidade.
Segundo o vereador do Urbanismo da Câmara Municipal de Lisboa, Manuel Salgado, as obras na Segunda Circular vão também ter início este mês. No troço entre o início da A1 e a Avenida de Berlim (Olivais), as obras terão início “imediatamente” e durarão três meses. Para agosto está prevista a segunda parte da empreitada, que decorre nos troços entre o Aeroporto e o Nnó da Buraca, cuja duração é estimada em oito meses.
O programa de obras ocorre a cerca de um ano das eleições autárquicas de 2017.