O Governo, e em particular António Costa, tem piscado constantemente o olho ao mundo sindical. Elogios à luta destas organizações, desafios aos socialistas para que se filiam nos sindicatos e acusações duras a quem, como Passos Coelho, trata estas estruturas como “organizações criminosas”, disse o primeiro-ministro numa entrevista à SIC.
Mas nem este “namoro” entre Governo e sindicatos parece suficiente para evitar greves. E esta semana, a CTTP-IN arranca uma semana de luta que terá como ponto alto uma manifestação nacional da Função Pública, na sexta-feira, em Lisboa.
A defesa do emprego e o combate à precariedade estão entre as principais reivindicações da central sindical, numa semana que será marcada por centenas de ações e de plenários de trabalhadores em todo o país.
Em jeito de justificação, o secretário-geral da CGTP Arménio Carlos, assumiu que, apesar do “sentimento generalizado de mais segurança e confiança” face à recuperação de alguns direitos, como a reposição dos feriados, dos salários, o aumento do salário mínimo nacional, a redução da sobretaxa do IRS, a reposição de complementos de reforma, “este é um tempo que justifica uma mobilização nacional contra ingerências de que Portugal está a ser vítima”.
A luta não pretende, assim, pôr em causa um governo de esquerda, com fortes ligações ao mundo sindical, mas identificar os problemas e dar força aos compromissos assumidos pelo executivo, referiu Arménio Carlos.
No entender de Arménio Carlos, “a resposta que os trabalhadores da Função Pública vão dar na próxima sexta-feira é a resposta adequada de que os compromissos são para cumprir e que estão disponíveis para fazer tudo, com todos aqueles que estão sintonizados com a concretização da reposição das 35 horas, para obstaculizar às pressões externas ou internas que se venham a verificar para impedir que aquilo que é um dos direitos dos trabalhadores venha a ser concretizado”.
Hoje é dia de manifestação na FRAUENTHAL AUTOMOTIVE, no Cartaxo. Amanhã são os trabalhadores da Administração Local a concentrarem-se em Lisboa e os da Caetano Bus, em Vila Nova de Gaia. Quarta-feira, dia 18, está marcada uma concentração das trabalhadores do sector têxtil e vestuário, em Famalicão, e um plenário de Trabalhadores do Metro, Carris, Transtejo e Soflusa junto da residência oficial do primeiro-ministro.
O 19 de Maio ficará marcado pela greve dos trabalhadores da Portway e Groundforce entre as 05 e as 17H00 ou pela tribuna pública, em Lisboa, sobre a privatização dos CTT.
A semana de luta termina na sexta-feira, 20 de maio, com a manifestação nacional dos trabalhadores da Função Pública, em Lisboa, pelas 14h. .
Entre greves, concentrações e paralisações, a CGTP já realizou 59 ações de luta desde 01 de janeiro deste ano até 11 de maio último, face às 86 [ações de luta] levadas a cabo pela Inter em igual período de 2015, segundo os dados da central sindical facultados à agência Lusa.