Os números da conflitualidade social há muito que não eram tão favoráveis ao governo. No primeiro trimestre deste ano, segundo o Expresso, o número de pré-avisos de greve baixou para 105 (pouco mais de um por dia), face aos 348 do mesmo período do ano passado (quase quatro por dia). Ou seja, a lua-de-mel de António Costa com as forças à sua esquerda, que apoiam o governo, amenizou as lutas dos trabalhadores apoiadas pelos sindicatos.
Mas o período de idílio parece ter chegado ao fim. No seu discurso do 1º de maio, a dois parágrafos de terminar a sua intervenção, Arménio Carlos, o líder da CGTP-IN, anunciou uma semana de luta, “com greves, concentrações e manifestações”. A agenda dos sindicalistas exige aumentos de salários, a centralidade da contratação coletiva nas relações de trabalho e as 35 horas de trabalho semanal, quer no setor público quer no privado.
Nas celebrações do Dia do Trabalhador, Arménio Carlos centrou o seu discurso no ataque às medidas do anterior governo. “Atacaram a Constituição e vilipendiaram a soberania. Manipularam dados e recorreram à menira. (…) Numa campanha ideológica sem precedentes, procuraram transformar a injustiça em inevitabilidade; o saque à riqueza nacional em ajuda externa; o desemprego em fatalidade”, disse o líder da CGTP, numa das partes mais duras do seu discurso. Apesar do anúncio da semana de luta, Arménio Carlos defendeu, na sua intervenção, as medidas tomadas pelo atual executivo, nomeadamente as que permitiram repor os rendimentos dos trabalhadores e dos pensionistas.