O ministro da Cultura, João Soares, escreveu hoje no Facebook que precisar de dar umas “salutares bofetadas” a Augusto M. Seabra e a Vasco Pulido Valente. É mais uma das frases bombásticas que têm acompanhado a sua vida. Leia outras:
7 de julho de 1989
“Que análise faz da personalidade de Marcelo Rebelo de Sousa enquanto político que volta a emergir no tablado nacional?
João Soares: Uma fénix permanentemente a renascer das cinzas, para logo depois reduzir tudo à sua volta em cinzas… apesar e também, graças à sua transbordante e exuberante inteligência.”
O Jornal, no dia em que Marcelo Rebelo de Sousa anunciou a candidatura à CML. João Soares estava à espera de ser escolhido pelo PS para o ser também, mas o nomeado acabaria por ser Jorge Sampaio, que ganhou a eleição
8 de maio de 1992
“E durante a liderança de Jorge Sampaio, a “sua” FAUL foi contra-poder ou intendência da direção nacional?
António Costa: Nem uma coisa, nem outra. Apenas assumiu o seu protagonismo regional, nas mais diversas instâncias. E não foi por acaso que, sob a minha liderança e pela primeira vez, um ministro do Governo foi forçado a fazer um debate na televisão com o coordenador da FAUL.
João Soares: Lá vem o famoso debate! Só lhe falta dizer que está no PS desde os 14 anos!…”
O Jornal, entrevista cruzada a António Costa e João Soares que, na altura, disputavam a liderança da FAUL (a maior federação do PS)
1 de fevereiro de 2001
“Um erro urbanístico, um monstro que desfeia aquela zona da cidade, mas que foi consentido sem qualquer debate.”
Público, sobre o Centro Comercial Colombo. Na altura, João Soares era presidente da Câmara Municipal de Lisboa e queria construir um elevador vertical que ligaria a baixa ao Castelo de São Jorge. A ideia foi muito contestada – Paulo Portas até entregou as 6 600 assinaturas necessárias para validar um referendo sobre o assunto – e Soares acabou por desistir.
6 de agosto de 2004
“Mas Sócrates já disse que aceita os debates…
João Soares: Sim, mas é também reveladora a sua mudança de posição. É um animal feroz que vira animal doméstico de quando em quando, com o vento…”
Semanário, quando se candidatou à liderança do PS contra José Sócrates
3 de junho de 2014
“[…] não aceito insultos, nem aqui, nem em lado nenhum. Tenho uma vasta experiencia enquanto alvo de insultos públicos, de que o Jornal de Angola é apenas um exemplo. Eu não insulto, venha o primeiro que me prove que alguma vez insultei alguém. O que já tive de “deletar” nessa matéria neste mural é muito. Uma chatice para mim que tenho de “deletar” e também para quem bolsa e depois se vê deletado. Daí o meu pedido sincero e modesto (até porque muitas vezes são os mesmos) contenham-se…”
Facebook, após a reunião, no Vimeiro, em que António José Seguro anunciou a realização de eleições primárias para o “cargo” de candidato o primeiro-ministro
3 de junho de 2014
“O meu amigo e camarada Vítor Ramalho (quando digo amigo não é em sentido Facebookiano, recordo, com o João Isidro, ter ajudado a sua primeira mulher a esconder uma mala com tralha “comprometedora” na noite do dia em que ele foi preso pela PIDE) que se transformou numa espécie de “porta-voz oficioso” da minha família mais chegada, disse, delicadamente sublinho, num canal de televisão que minha irmã apoia António Costa nesta “corrida” [eleições primárias] à liderança do PS. Se o tom foi delicado, é indelicado tê-lo dito sem falar com a pessoa em questão. E sobretudo quando o que disse não é verdade…”
Facebook, a propósito das primárias socialistas disputadas entre António José Seguro e António Costa
6 de junho de 2014
“[…] Quero António José Seguro candidato a Primeiro-Ministro em 2015. Contra a maior, e na minha modesta opinião, mais desleal campanha de “assassinato” politico de que tenho memória no PS. Eu sou dos que acham que a politica se faz com homens comuns, como eu, e não com iluminados messias. Que chegam do nevoeiro dos mandatos por terminar e dos compromissos por cumprir. Eu tenho na pele marcas e cicatrizes, mas não é por isso que me torno lobo, ou me resigno a uma politica de lobos. Posso perder, já perdi muitas vezes, mas com honra e na fidelidade às minhas convicções e compromissos. A enxurrada é grande e barrenta, mas cá estamos para lhe fazer face, com dignidade. Na política não vale tudo !”
Facebook, sobre as primárias socialistas disputadas entre António José Seguro e António Costa
8 de junho de 2014
“Declaro, para efeitos de registo de quem ainda não saiba, que apoiei, apoio e apoiarei, António José Seguro como Secretario Geral do PS. Deixo este registo também como pedagogia e pretexto sanitário a que alguns esvaziem aqui a sua bílis, como vêm fazendo, a insultar-me, com desvairados post’s ao nível do pior do Jornal de Angola…”
Facebook, também sobre as primárias socialistas
15 de Outubro de 2014
[…] “Costa e Álvaro Beleza fizeram um acordo para a inclusão de 30% de apoiantes de Seguro nos órgãos do PS. O que pensa deste acordo?
João Soares: Se o acordo existe, é positivo e corresponde a uma tradição do PS que foi quase sempre respeitada em 40 anos. A mim não me preocupa nada a inclusão ou não inclusão.
Tem dúvidas de que o acordo exista?
João Soares: Não sei. Com a idade que tenho já não me interesso pelas coisas de mercearia interna. Isso não me aquece nem me arrefece. Quando levei uma cabazada do José Sócrates nas diretas, em que também participou o Manuel Alegre, fiquei dois anos fora dos órgãos nacionais, sem que isso me impedisse de dar a minha opinião e participar na vida do PS. E depois o próprio Sócrates convidou-me para voltar a fazer parte da Comissão Nacional e da Comissão Política e aceitei com agrado.
[…]
Falou do BES. Acha que Ricardo Salgado, se falar, é uma ameaça ao regime?
João Soares: Não tenho informação que permita dizer uma coisa dessas. Não estou na lógica de transformar uma figura muito conhecida num bode expiatório de tudo isto. Se acho que os banqueiros têm de ser metidos na ordem? Lá isso têm. Mas sobretudo aqueles que não têm rosto. O Ricardo Salgado tem a vantagem de sabermos quem ele é e de ter dado sempre a cara por aquilo que fez. E os que estão à frente dos Banif, BCP e BIC? Estão sempre a mudar, numa jigajoga permanente. E mais a PT e a Oi (ainda agora houve demissões…). É uma vergonha.”
Sol
22 de outubro de 2015
“João Soares: […] só o BES Angola derreteu a brincar sete ou oito mil milhões de euros que não se sabe onde estão. Aliás, sabe-se estão nos bolsos dos mesmos do costume.
Quem são?
João Soares: A Isabel dos Santos, o Sobrinho e aquela tropa fandanga que anda à volta daquele poder, que não é democrático e que aliás está á beira de deixar morrer em greve de fome um jovem que se bate pela liberdade em Angola, que é o Luaty Beirão, e os seus companheiros.[…]
João Soares: Ter o Luís Amado, que foi ministro de um governo socialista, como presidente pró-forma de um banco como o Banif, para mim é uma coisa que me repugna como socialista. E há outros, os Manuel Pinho, os Pina Moura e outros, que nunca souberam fazer a separação, que é absolutamente imprescindível fazer, entre negócios e vida política. As pessoas não podem estar ao mesmo tempo nos dois sítios.“
Oje
Outubro de 2015
“Esta tropa fandanga continua a ser paga regiamente. São os Catrogas que trabalham para os chineses, a 40 mil euros ou mais por mês. Essa tropa fandanga toda, que se orgulhava das selfies que fazia quando negociava com a troika. Não pode ser! Não acredito na Nossa Senhora de Fátima, porque não fui tocado pela fé, mas é preciso voltar aos velhos valores”.
SIC Notícias
20 de fevereiro de 2016
“E quanto ao eixo Belém-Ajuda, o que tenciona fazer, terminar o projeto ou deixá-lo cair?
João Soares: O eixo Belém-Ajuda é um disparate total com o qual não me identifico de maneira nenhuma. Além de tudo mais, é algo que do ponto de vista formal é a todos os títulos condenável. […] Acho inaceitável que se avance com um plano desses, se gaste dinheiro à fartazana com promoções, com edições de livrinhos e livretes e com conferências de imprensa, com um governo nas vascas da agonia, com o tal secretário de Estado que lá esteve durante não sei quanto tempo. E sem se falar com a CML. Passa-lhe pela cabeça que alguém que não tem legitimidade democrática, que é metido por razões disto ou daquilo à frente do CCB e com um secretário de Estado [Jorge Barreto Xavier] que vem também não se sabe donde, venha apresentar um plano sem falar com a autarquia? Quem fez isto devia tirar as devidas consequências.
Vai demitir o presidente do CCB?
João Soares: Acho que o próprio devia tirar as devidas consequências. Não gosto de expressões desse tipo.“
Expresso
26 de fevereiro de 2016
“Eu acho que o presidente do CCB tem de sair. E se não sair, eu, na segunda-feira, seguramente o demitirei, usando os instrumentos legais de que disponho”, disse João Soares, no âmbito da discussão da proposta de Orçamento do Estado para 2016.”
Na Assembleia da República. Na segunda-feira, 29, João Soares demitiu o presidente do CCB, António Lamas, e nomeou Elísio Summavielle para o seu lugar
1 de março de 2016
“José Manuel Fernandes retoma neste texto a melhor tradição da sua formação de jovem estalinista. Bolsa sobre mim um conjunto de grosserias e calunias. Admito que parte disto possa encontrar acolhimento por aí. Há por aí gente que apreciava a qualidade do trabalho do Ministério da Cultura que antecedeu aquele onde tenho responsabilidades. Há por aí muitos mandarins que não admitem ser postos em causa. É a vida. Nunca na minha vida, tenho sessenta e seis anos, fui grosseiro ou intolerante com ninguém. Pudesse ele orgulhar-se do mesmo. Se pensam que me intimidam desenganem-se.”
Facebook, em resposta a um artigo de opinião de José Manuel Fernandes no Observador
7 de abril de 2016
“Em 1999 prometi-lhe publicamente um par de bofetadas. Foi uma promessa que ainda não pude cumprir. Não me cruzei com a personagem, Augusto M. Seabra, ao longo de todos estes anos. Mas continuo a esperar ter essa sorte. Lá chegará o dia. Ele tinha, então, bolçado sobre mim umas aleivosias e calunias. Agora volta a bolçar, no “Publico”. É estória de “tempo velho” na cultura. Uma amiga escreveu: “vale o que vale, isto é: nada vale, pois o combustível que o faz escrever é o azedume, o álcool e a consequente degradação cerebral. Eis o verdadeiro vampiro, pois alimenta-se do trabalho (para ele sempre mau) dos outros.” Estou a ver que tenho de o procurar, a ele e já agora ao Vasco Pulido Valente, para as salutares bofetadas. Só lhes podem fazer bem. A mim também.“
Facebook, respondendo a um artigo de Augusto M. Seabra no Público