Após a dedução da acusação pelo Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP), do Ministério Público, no
caso Sócrates, o que se aguarda para breve, é muito provável que os arguidos, a começar pelo ex-primeiro-ministro, requeiram a abertura de instrução, fase processual em que um juiz escrutina as provas do libelo acusatório e as contra-alegações das defesas, para, depois de um debate instrutório, decidir quem pronuncia, ou não, para julgamento. A decisão do juiz de instrução é tomada, segundo a lei, ponderando a probabilidade de o arguido, em julgamento, ser condenado ou absolvido.
A novidade agora é que, ao contrário do que aconteceu nos últimos nove anos, Carlos Alexandre deixou de ser o único juiz do Tribunal Central de Instrução Criminal (TCIC), para onde vão todos os inquéritos-crime do DCIAP. Desde o mês passado, o TCIC, ou Ticão, como também é conhecido, tem um outro juiz, Ivo Rosa. Presidente da comarca de Lisboa, a juíza Amélia Correia de Almeida confirmou à VISÃO que, assim sendo, um processo em que haja pedido de instrução irá “à distribuição”, através de um sorteio eletrónico.
À semelhança de Carlos Alexandre, o juiz Ivo Rosa é igualmente conhecido pela sua personalidade vincada. Mas, ao invés do colega, revela um perfil dito mais exigente quanto às provas de acusação.
Ver-se-á, havendo pedido de instrução na Operação Marquês, que nome o capricho do sorteio ditará – se Carlos Alexandre ou Ivo Rosa.