Será no turbilhão das eleições legislativas que Fernando Medina discursará para o País no dia em que se celebra a Implantação da República. O sufrágio ainda não está marcado, tanto pode acontecer antes, como depois (segundo o calendário definido pela Constituição), ou até mesmo na véspera, a 4 de outubro.
É que os discursos de António Costa no 5 de Outubro, enquanto edil, suplantaram os problemas autárquicos e foram mais virados para o Estado do País e a “estratégia nacional de desenvolvimento”. Convém não esquecer que a câmara tem servido de trampolim para outros voos: Sampaio saiu para se candidatar (e ganhar) as presidenciais; Santana Lopes saiu para assumir o cargo de primeiro-ministro quando Durão Barroso foi para a Comissão Europeia; António Costa sai para se candidatar a primeiro-ministro.
Agora que Medina assumiu a presidência da maior Câmara nacional, depois da renúncia de Costa para se dedicar em exclusivo ao PS e à preparação das eleições, os olhos estarão postos no (ainda) pouco conhecido político, mas já com alguma bagagem governativa (ver texto ao lado).
Na tomada de posse, o novo líder da autarquia, definiu como objetivo “fazer mais e melhor” para criar emprego através de “alianças estratégicas com os setores mais dinâmicos e modernos da cidade”. Anunciou um programa de habitação para que “cinco mil famílias da classe média” possam regressar à cidade pagando rendas abaixo do salário mínimo.
Medina quer, ainda, a capital com “melhores serviços públicos, melhor limpeza, melhores pavimentos, menos desmazelo no espaço público e mais protegida das cheias”.
Com esta subida a número um, a estrutura interna também mudou. Duarte Cordeiro, vereador com os pelouros da Higiene Urbana e Estruturas de Proximidade, foi escolhido para vice-presidente e já assegurou que vão ser gastos €10 milhões, nos próximos dois anos, para repavimentar as ruas da cidade. Por outro lado, João Paulo Saraiva, do movimento Cidadãos por Lisboa (de Helena Roseta), fica com as Finanças, até agora controladas por Medina. S.R.
Quem é Fernando Medina, o portuense que conquistou a Câmara de Lisboa
Filho dos históricos militantes comunistas Edgar Correia e Helena Medina – que andaram na clandestinidade e, em 2001, romperam com o PCP -, nasceu e cresceu no Porto. Licenciou-se em Economia e fez o mestrado em Sociologia Económica. Tem 42 anos, é casado e tem dois filhos.
Outros cargos
- Chega à política pela mão do, então, ministro da Educação Marçal Grilo, em 1999, mas rapidamente se torna assessor e, depois, adjunto de António Guterres. Primeiro fica com a temática da Educação e Ciência e, mais tarde, a Economia.
- Nos governos de Sócrates foi secretário de Estado de dois ministérios liderados por Vieira da Silva: Emprego e Formação Profissional e Indústria e Desenvolvimento.