“A questão da liderança não se pode, ou não se deve colocar nas presentes circunstâncias, e quero que fique claro que se porventura essa questão se vier a colocar eu apoiarei o atual secretário-geral do PS, António José Seguro”, afirmou aos jornalistas.
Francisco Assis, eleito no passado domingo eurodeputado, lembrou que sob a liderança de António José Seguro o PS já ganhou duas eleições e, por esse motivo, deve haver cuidado para não transformar vitórias em derrotas.
O presidente da Câmara Municipal de Lisboa, António Costa, anunciou hoje que está disponível para avançar para a liderança do PS e disse que na quarta-feira se reunirá com o secretário-geral do partido, António José Seguro.
“Estou disponível para tudo e falarei amanhã [quarta-feira] com o secretário-geral. Estou disponível, não quero que haja qualquer tabu, qualquer equívoco, eu estou disponível para assumir as minhas responsabilidades”, disse António Costa.
Francisco Assis considerou que num momento em que o PS está num “processo de retoma de confiança” com o país, não há “razão nenhuma” para discutir a liderança do partido e provocar uma “convulsão interna”.
“Espero que não haja lugar a uma disputa pela liderança do partido, porque, neste momento, a interpretação que faço dos resultados eleitorais, a interpretação que faço do processo político português vai no sentido contrário ao de abrirmos agora uma crise no PS”, realçou.
Referindo-se a António Costa como uma “grande personalidade da vida política portuguesa”, Francisco Assis espera que haja um entendimento entre este e António José Seguro quanto à liderança do PS.
Quando há perspetivas diferentes dentro de um partido, há sempre divisões, mas “não é dramático”, entendeu o eurodeputado.
O socialista considerou que seria “mais importante” melhorar o relacionamento do partido com o país e reforçar a capacidade de o afirmar como “alternativa credível” em Portugal do que discutir a sua liderança.
Nas eleições de domingo, o PS foi o partido com mais mandatos com oito deputados, seguindo-se a Aliança Portugal com sete, a CDU, que elegeu três, e o MPT com dois eurodeputados.
O Bloco de Esquerda conseguiu eleger apenas a cabeça de lista, Marisa Matias, ficando assim atribuídos os 21 mandatos de Portugal no Parlamento Europeu.
Nestas eleições europeias, a abstenção atingiu o valor recorde de 66%.
“Em vez de pensar nas razões pelas quais há um tão profundo divórcio entre o país e aqueles que o governam, infelizmente estamos a discutir o PS”, salientou Francisco Assis.
“Estou certo, e é minha convicção pessoal, que se estas eleições [europeias] fossem legislativas o PS teria uma percentagem substancialmente superior. Primeiro não haveria uma abstenção tão elevada, penalizando os principais partidos políticos e, em segundo lugar, funcionaria mais a dinâmica do voto útil porque estava em causa a governação do país”, terminou Assis.