O presidente do PSD e primeiro-ministro ouviu hoje queixas de uma idosa descontente, em Sintra, com quem conversou alguns minutos, discutindo o valor das pensões, o preço dos medicamentos e a situação do país.
Pedro Passos Coelho esteve em Sintra em apoio ao candidato da coligação PSD/CDS-PP/MPT à presidência da Câmara deste concelho, Pedro Pinto, a quem se juntou para uma caminhada de cerca de 300 metros até aos Bombeiros de Algueirão – Mem Martins, onde o esperava o presidente dos centristas e vice-primeiro-ministro, Paulo Portas.
A meio do percurso, com uma fila de repórteres de imagem à sua frente e dezenas de apoiantes da candidatura de Pedro Pinto atrás de si, o presidente do PSD dirigiu-se a uma idosa que estava à janela, que logo lhe manifestou o seu descontentamento.
“Eu tenho 81 anos, nunca vi uma coisa destas em Portugal como agora. E todos os dias vejo a televisão. Não gosto de si, tenho de dizer. Não, não gosto. Tira as pensões, é uma vergonha. A gente fartou-se de trabalhar para ter alguma coisa”, protestou Maria do Carmo.
O chefe do executivo PSD/CDS-PP perguntou-lhe qual era o valor da sua pensão. “É 200 e pouco”, respondeu a mulher.
“Então, não pode ter sido cortada, foi aumentada”, retorquiu Passos Coelho. “Não foi. Não foi aumentada, não”, contestou a mulher.
O primeiro-ministro insistiu que “as pensões abaixo de 600 euros foram atualizadas, as pensões mínimas, sociais e rurais foram atualizadas pela inflação”.
Depois, quando Maria do Carmo lamentou que “está tudo mais caro: água, luz, o comer”, Passos Coelho contrapôs que “os remédios estão mais baratos”, mas sem convencer a idosa: “Não me parece”.
Maria do Carmo lamentou “a maneira como temos este país” e disse não querer morrer com Portugal assim, como nunca tinha visto.
“A senhora tem razão numa coisa: há muitos anos que o país não passava por uma coisa destas”, concordou Passos Coelho, deixando palavras de confiança: “A gente vai conseguir vencer esta situação”.
“Não vai, não”, recebeu como resposta. “Nem eu acredito nem ninguém pode acreditar numa coisa dessas. Deus queira que sim, tomara eu, gostava”.
Este diálogo terminou com ambos a desejarem-se felicidades e saúde, mas sem consenso.
Esta caminhada decorreu ao ritmo de sons africanos do movimento “Há Sintra na Linha”, que fez o primeiro-ministro bater o pé, sem chegar a dançar.
No final do percurso, Passos Coelho encontrou outra mulher, que lhe manifestou apoio, dizendo-lhe “vamos para a frente”, e a quem respondeu: “Sabe como se diz na minha terra, não é? Para trás mija a burra. Sempre para a frente”.