“Há médicos que estão, neste momento, a ser proibidos de prescrever aquilo que acham que devem para os doentes. Isso é, obviamente, inaceitável. Devemos combater as situações de discriminação”, declarou José Manuel Silva na quarta-feira à noite num debate promovido pela Ordem dos Médicos sobre racionamento e racionalização de medicamentos.
O bastonário deu o exemplo da hepatite C, relatando que os novos medicamentos antivirais estão a ser usados de forma diferente consoante os hospitais, havendo algumas unidades que não estão a permitir a sua utilização.
Tratam-se, segundo o bastonário, de fármacos que aumentam a taxa de cura da hepatite C em 30 % a 40 % e que foram aprovados com rapidez pela Agência Europeia do Medicamento devido ao seu “espetacular benefício na terapêutica” da doença.
Também o presidente da Associação Portuguesa de Bioética lamentou que haja em Portugal “hospitais com políticas diferentes” no que se refere ao acesso aos medicamentos.
“Não podemos permitir que dois hospitais separados por uma rua tenham políticas diferentes. Um dá um medicamento num determinado cancro e o outro não dá. Mas afinal quem é que manda neste país?”, insurgiu-se Rui Nunes, que tem contestado o parecer do Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida sobre racionamento de medicamentos.