Há uma face delicada, sofisticada e simpática na teia que o suíço Michel Canals teceu desde Genebra para promover uma gigantesca fraude fiscal e lavagem de fortunas que atingirá, numa dimensão sem precedentes, a política, a banca, as empresas e o desporto nacionais. É uma face bonita, de cabelos loiros e olhos azuis, ao mesmo tempo distante e intimista, que esconde uma capacidade de trabalho invulgar e uma dedicação sem fissuras ao clã familiar e profissional. Residente em Cascais, Ana Oliveira Bruno, 49 anos, casada, três filhos, tem o marido a seu lado nos negócios e lidera a sociedade de advogados que leva o seu nome, a partir de um luxuoso andar nas Amoreiras, em Lisboa. Ali gere, apenas com a sua assinatura, uma porção das dezenas de empresas das mais variadas áreas em que dá a cara, com destaque para o imobiliário. (ver lista no final deste texto)
Para uns, ela é a portuguesa em que os angolanos ricos e poderosos mais confiam para administrar os seus investimentos. ara outros, é apenas a patroa do Sol, o semanário que destapou o escândalo do “polvo” suíço. O jornal é detido pela Newshold e a sociedade O Sol é Essencial, onde ela gere e representa, entre outros, os interesses de ilustres e influentes senhores de Luanda, nem sempre detetáveis à vista desarmada.
Os investigadores que coordenam a Operação Monte Branco e desmantelaram, há dias, a rede de Michel Canals têm, no entanto, outros motivos para seguir os passos desta gestora. Quando puxaram o fio à meada terão descoberto, por exemplo, que a advogada era cliente do antigo gestor de fortunas da União de Bancos Suíços (UBS), em representação de investidores angolanos. Encontraram também rasto de uma transferência de dinheiro para uma familiar de Ana Bruno, depois de alegadamente branqueado no estrangeiro através dos esquemas fraudulentos de Canals.
outra ligação da portuguesa ao antigo banqueiro suíço é mais recente e pode agora ser encontrada entre Zurique e Berlim: desde março, Ana Bruno é presidente do conselho de administração da sociedade imobiliária Acron Berlin Brandeburg Internacional Airport que, como o próprio nome sugere, vai gerir, com o parceiro Michel Canals, o hotel integrado no novo e moderno aeroporto da capital alemã. A inauguração está prevista para a primavera do próximo ano. A chairwoman foi eleita pelos acionistas, na assembleia geral extraordinária de março, do grupo suíço Acron, especializado em investimentos imobiliários.
principal administrador e sócio de Ana neste empreendimento é precisamente o cabecilha helvético da Akoya Asset Management. Através do seu porta-voz Jan Gregor, a Acron confirmou à VISÃO estas informações, garantindo, porém, que o gestor suíço e a advogada portuguesa não desempenham quaisquer cargos no grupo, além dos já referidos. Gregor assegura, ainda, que a empresa não está “de forma alguma ” envolvida nos acontecimentos que vieram a público, sobre os quais, assinala, desconhece a profundidade.
SUÍÇA LAVA MAIS BRANCO
eixemos, por agora, Ana Bruno ausente do País na última terça, 22, dia de fecho da VISÃO, altura em que os nossos insistentes contactos e e-mails se revelaram infrutíferos e recuemos uns dias para concentrarmos atenções em Michel Canals. Na noite de quinta, 17, este cinquentão discreto estaria a pensar em momentos descontraídos quando se instalou no luxuoso Sheraton, na zona da Boavista, no Porto. Ao contrário da banda pop Coldplay, que também escolhera o mesmo hotel na cidade antes do concerto no Estádio do Dragão, ele não era um hóspede conhecido. Nem queria.
Refinara-se na gestão de fortunas, ao longo de mais de três décadas, na poderosa UBS e aprendera que os bons negócios são como pirilampos: brilham no escuro. Até esse dia, ele e os seus sócios tinham, pois, razões para cantar “we live in a beautiful world, yeah we do, yeah we do”, imitando o vocalista Chris Martin. Mas baixinho. Sem fama nem holofotes a cegar os passos.
Canals, Nicolas Figueiredo e José Pinto, os gestores da Akoya, todos homens com currículo na UBS, de onde saíram em 2009, haviam, pois, reservado a sexta-feira, 18, para um torneio no centenário Oporto Golf Club, em Espinho, presidido pelo empresário Manuel Violas e onde Michel se inscrevera três anos antes. O suíço, fluente em português, submetera-se, então, às regras apertadas da casa: esteve quatro meses à experiência e passou pelo filtro de uma comissão de admissão constituída pela direção e sócios mais antigos.
Foi aceite. Mas entre o golfe e o golpe vai uma distância. Na verdade, o jeito do trio para jogadas mirabolantes na gestão da riqueza alheia não era extensível ao green: todos são federados, é certo, mas só Nicolas tinha um handicap de nível respeitável.
Michel estava a melhorar e Pinto não passava de um amador. Há uns anos, Canals já levara a UBS a patrocinar um dia de tacadas, no campo de Paramos, reunindo alguns ilustres da sociedade nortenha, com destaque para gestores, advogados e diplomatas. Todavia, no último almoço de Natal do clube, Michel, em nome da Akoya, ofereceu-se para patrocinar um torneio. Na sexta era o dia.
Havia mais de 80 inscritos, entre os quais ex-governantes do cavaquismo, empresários prestigiados, médicos de excelência e outros afortunados na vida. Nada, porém, que levantasse suspeita: poderia a Akoya querer agradar a alguns amigos, mas o método para angariar clientes funcionava na base do “boca a boca” e em sítios mais reservados. O patrocínio, pouco mais de 3 mil euros, era também irrisório.
Deu-se, contudo, “uma afortunada coincidência”, no dizer de quem conhece as escutas e investigações em curso no Ministério Público sobre os gestores da Akoya: seguidos há meses, os três estavam finalmente no mesmo sítio, à mesma hora, à mão de semear. Canals, Figueiredo e Pinto foram, pois, detidos no hotel, na véspera do torneio. Francisco Canas, o “Zé das Medalhas”, intermediário da Akoya, referenciado na lista negra do Banco de Portugal por atividades ilícitas em esquemas cambiais, foi detido em Lisboa quando se preparava para abrir a sua loja de taças, troféus e… medalhas, precisamente.
A operação foi desencadeada pelo Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP), em colaboração com a GNR e a inspeção tributária do Porto e Braga. No Oporto Golf, na manhã seguinte, ainda havia quem desconhecesse as buscas ao próprio clube sem sombra de pecado, ao que se sabe e estranhasse o silêncio dos homens da empresa patrocinadora que, no final, deveriam entregar os troféus. A sala de refeições, onde já estava tudo preparado para o almoço, não tinha qualquer referência à Akoya.
BPN AO BARULHO
Nessa altura, já Canals e os seus cúmplices eram suspeitos de, a partir da Suíça, encabeçarem uma rede de dimensão nunca vista em matéria de fraude fiscal e branqueamento de capitais, que poderão rondar os 800 e os mil milhões de euros. O quarteto seria uma verdadeira orquestra a “lavar” o dinheiro dos clientes através de empresas fictícias, paraísos fiscais e diversas contas bancárias. Parte dele terá passado pelo BPN IFI de Cabo Verde e transferido para contas no Millennium BCP.
Nos últimos dias, decorreram operações policiais em bancos e escritórios, sobretudo entre Lisboa e Sintra. Vieram a público nomes conhecidos, supostamente beneficiários dos esquemas da rede: Dias Loureiro, Oliveira e Costa e Álvaro Sobrinho.
Os dois primeiros na mira da Justiça, na sequência de investigações sobre o BPN.
O terceiro contesta a suspeita de ilícitos criminais em esquemas de branqueamento no caso BES/Angola. Paulo Fernandes, líder do grupo Cofina, também viria a ser citado no esquema pelo jornal i, mas desmentiu.
Morais Pires, quadro do BES, foi igualmente falado, mas um porta-voz do banco lembrou, na imprensa, que nem todas as atividades relacionadas com gestão de fortunas são ilícitas.
De qualquer forma, estaremos ainda a lidar com uma pequena amostra do que poderá ser o portfólio de clientes de Canals.
Na lista, segundo referiram fontes ligadas à investigação, encontram-se atuais governantes e autarcas, empresários de topo, atletas, altos-quadros do BES e figuras relevantes do poder político e económico angolano. Centenas de nomes.
LIMA NA ENGRENAGEM
A detenção dos homens que operavam estes tentáculos a partir da Suíça a quem o juiz de instrução Carlos Alexandre decretou prisão preventiva, com exceção de José Pinto (caução de 200 mil euros) só foi possível porque a Operação Furacão, visando uma megafraude fiscal com origem em engenharias financeiras entre bancos, consultorias e advogados para poupar impostos a grandes empresários portugueses, permitiu identificar os angariadores de clientes da rede.
O avanço decisivo nas operações contou, depois, com a colaboração de um homem que decidiu ser providencial por sua conta e risco, abrindo páginas secretas do seu livro de contas e aproveitando para sossegar um pouco a própria pele: Duarte Lima. Detido preventivamente no âmbito de um processo relacionado com o BPN, no qual é suspeito de desviar 48 milhões de euros do fundo Homeland, participado pelo próprio banco, para um projeto inexistente, o advogado terá ilibado o filho de atos criminosos no caso e revelado ao MP aspetos desconhecidos das suas relações com os líderes da rede da Akoya, desde os tempos em que aqueles geriam fortunas portuguesas na UBS.
Embora permaneçam por esclarecer os papéis representados por Lima na rede (angariação de investidores, testa-de-ferro das aplicações e beneficiário dos esquemas da teia de Canals, entre Hong Kong, Singapura e outras geografias confortáveis), o ex-dirigente do PSD era um dos clientes da Akoya com direito a telemóvel registado na Suíça para iludir as autoridades portuguesas e combinar operações seguras. Terá sido esse mesmo aparelho a denunciá-lo, nas investigações da polícia brasileira sobre o homicídio de Rosalina Ribeiro, a secretária do milionário Tomé Feteira. Acusado do crime, Duarte Lima saberá, na próxima semana, se vai a julgamento.
A cumplicidade de Canals com o antigo deputado do PSD virá, entretanto, do tempo em que ambos lidavam de perto com o industrial de Vieira de Leiria. Segundo uma biografia disponível numa página financeira da internet, Michel terá entrado na UBS em agosto de 1975, tendo, durante décadas, gerido várias fortunas portuguesas.
Desde os anos 90, pelo menos, que Canals controlava as aplicações e contas suíças de Feteira e de Rosalina na UBS. Duarte Lima era outro “bom amigo ” que o empresário apresentou, um dia, à sua secretária íntima, rogando-lhe que confiasse no advogado, pois estaria “em boas mãos”. Canals e Lima estreitaram a relação com Rosalina após a morte de Feteira, em 2000. O suíço vinha com frequência a Portugal e Lima era tratado como um Deus pela companheira do industrial falecido. Só por uma vez, o santo terá caído do altar. “Duarte Lima, ou alguém por ele, obrigou a Dona Lina a assinar uma procuração. Ameaçaram-na mesmo. Tanto que ela ficou sem falar durante uns dias e caiu doente. Quando recuperou, contou: tinham-lhe dito que, se não assinasse o documento, o Duarte Lima deixava de tratar das coisas dela.
Com medo, assinou”, recorda quem, na vizinhança, acompanhou de perto os sobressaltos desses dias, no 2º B da Rua Luciano Cordeiro, em Lisboa, onde Rosalina viveu.
AS EXIGÊNCIAS DE OLÍMPIA FETEIRA
Olímpia Feteira, filha de Lúcio e cabeça-de-casal da herança, sabia que o pai mantinha contas na Suíça desde os anos 40. Após a morte deste, e desconfiada de desvios vultosos de dinheiro por parte de Rosalina, insistiu junto da UBS e de Michel Canals no sentido de aceder aos saldos das contas.
Segundo ela, o gestor recusou-se a entregar os extratos desde o primeiro momento em que foram reclamados, em 2001, durante uma reunião na UBS em Zurique.
Só dois anos depois, e após falharem todas as tentativas de protelar a sua divulgação que incluíram alegadas pressões junto de funcionários da UBS em Portugal, Canals acedeu às pretensões dos herdeiros de Feteira. O saldo ascendia a quase 9 milhões de euros. Hoje, somados juros, ultrapassa, de largo, os 11 milhões. Olímpia contesta, há vários anos, nos tribunais, os termos de abertura de uma conta solidária entre Feteira e Rosalina, alegando que a mesma terá sido aberta com a falsificação da assinatura do seu pai. O Expresso falou do caso e o pretexto seria o desvio de verbas avultadas para contas de Duarte Lima, Rosalina Ribeiro e outras figuras ainda não identificadas. No esquema estará incluída a célebre transferência de quase 5 milhões da secretária de Feteira para o advogado e que estariam na motivação do crime de Saquarema, no Brasil, cuja autoria é atribuída a Lima. O desmantelamento da rede de Canals pode dar um impulso significativo para a descoberta desta história e de outras recheadas com dinheiro de Feteira. Além disso, talvez se faça luz sobre obscuros relatos de malas de dinheiro vivo que Michel viria amiúde buscar a Portugal.
Enquanto isso, Duarte Lima pode dormir mais confortável, embora atrelado à pulseira eletrónica com que foi mandado para casa, na última sexta-feira, com evidente desconforto do juiz Carlos Alexandre, que terá considerado a medida precipitada.
Nem Rogério Alves, advogado de Lima, nem Rosário Teixeira, o procurador do MP, assumem a troca de favores. Se as informações de Lima sobre os responsáveis da Akoya tiveram como contrapartida o regresso condicionado ao “lar doce lar”, isso ficará por desvendar. Já a rapidez com que tal foi decidido fugirá às práticas habituais. “Sempre que possível”, alega Luís Couto, subdiretor-geral da Direção-Geral de Reinserção Social, aquela entidade “responde de imediato às solicitações dos tribunais.
Este é um desses casos.” No entanto, fontes ligadas ao processo estranham que o relatório técnico solicitado pelo tribunal para fundamentar a execução da pulseira eletrónica tenha sido enviado em menos de 24 horas quando a média é de cinco ou sete dias, no caso de presos menos mediáticos. Quase mudo e em passada rápida, Lima ignorou os jornalistas à porta do prédio da Visconde Valmor e nem olhou para trás: aproveitou para iniciar a prisão domiciliária no seu requintado apartamento, para cuja aquisição contraiu empréstimos junto do BPN e da Caixa Geral de Depósitos. A mensalidade da hipoteca será de 12 mil euros por mês, mas Lima estará em falta com os pagamentos desde janeiro, sem que qualquer dos bancos o tenha acionado judicialmente por incumprimento, executando a dívida.
O PRINCÍPIO DO FIM?
A queda de Canals e a descoberta dos esquemas da Akoya talvez não fossem possíveis sem o empurrão de Lima. Mas Michel e os seus companheiros aguentaram-se bem e com proveito neste trapézio financeiro.
E sem dar nas vistas. Gestor e empresário experimentado, com passagens pela Nestlé e grupos de media suíços, Canals acumulara poder e influência sem se olhar muito ao espelho. Liderou programas universitários na Universidade de St. Gallen e foi membro de um grupo de pressão política mundial, o Global Leadership Foundation, que também embeleza o currículo do Presidente da República, Cavaco Silva. Na UBS, o gigante bancário que chegou a ter 8 milhões de clientes em 52 países antes de se estatelar ao comprido no “casino” de Wall Street,Canals chegou a diretor executivo.
Em 2003, em declarações à Swissinfo, desmontava o mito das “contas anónimas” na Suíça, explicando que havia sempre lugar à identificação do cliente, mesmo nas mais sigilosas. “Quando o possuidor de uma conta especial numerada chega ao banco, é recebido pelo gestor, que é o único a saber a sua identidade. Atendemos essa pessoa em salas especiais e atendemos os seus desejos”, explicava.
Terão sido procedimentos idênticos que Canals importaria para a Akoya e teria dispensado aos clientes portugueses que conhecera na UBS. Por ora, não se sabe se terá usado o mesmo charme com Ana Bruno quando, alegadamente, a incluiu nas engenharias da sua empresa gestora de fortunas em representação de clientes angolanos. Num País tamanhinho como Portugal, e frequentando Michel e Ana os gabinetes e corredores do poder político e financeiro, é possível que, alguma vez, os universos se tenham tocado e encontrado.
Mas se os clientes de Canals surgem ainda a conta-gotas, o percurso de Ana Bruno é relativamente escrutinável quanto às afinidades, negócios e cumplicidades, apesar da ligação a várias figuras polémicas. Com Angola sempre em fundo.
Ela conhecerá bem todas as pessoas decisivas que gravitam em torno de José Eduardo dos Santos, em especial António Maurício, “vice” executivo da fundação com o nome do Chefe de Estado angolano, administrador da Construtora do Tâmega e, supõe-se, acionista da Newshold.
A advogada começou a notar-se no final dos anos noventa. Foi sócia da Amostra, a empresa de estudos de mercado liderada por Paulo Portas e através da qual o atual ministro de Estado terá recebido o célebre Jaguar. O gerente da empresa era o maçon José Braga Gonçalves, condenado a sete anos e meio de prisão, no Caso Moderna, figura com quem Ana Bruno ainda partilhou a estrutura acionista na sociedade Construções do Leste, Lda.
A empresária é hoje íntima das famílias Horta e Costa e Champalimaud, partilhando a gestão de algumas empresas ligadas ao turismo e imobiliário com ilustres membros dos respetivos clãs. Luís Horta e Costa é talvez o caso mais saliente: ambos dividem a administração do resort de luxo Vale do Lobo, no Algarve, presidido por Diogo Gaspar Ferreira, da direção de José Roquette no Sporting, antigo diretor da TVI e parceiro dos dois noutros negócios.
Luís Horta e Costa é ainda gestor da ESCOM, empresa do Grupo Espírito Santo (GES) e um dos maiores investidores privados em território angolano. Foi recentemente absolvido no Caso Portucale, onde vieram à baila financiamentos partidários e tráfico de influências. O gestor e o GES foram ainda citados em documentos do Ministério Público alemão relacionados com o caso das comissões ilegais na compra de submarinos para o Estado português.
O mesmo aconteceu com outro amigo e sócio de Ana Bruno em empreendimentos imobiliários: Hélder Bataglia, presidente da ESCOM, administrador do BES/Angola e “número dois” da sociedade angolana LUO, ligada à extração de diamantes.
Junte-se ainda ao rol de amigos José Jacinto Iglésias, natural de Luanda e administrador da Fundação Millennium BCP, com quem a empresária também geriu uma empresa, e José Marquitos, ex–administrador da RTP e da SONAE, agora integrado no universo Newshold.
Ana Bruno tem também relações amistosas com Álvaro Sobrinho, arguido no caso de desvio de fundos do Banco Nacional de Angola através do BES de Luanda, em que se apuram suspeitas de associação criminosa e branqueamento de capitais.
Nesta fase, a advogada portuguesa já saberá que será ouvida como arguida num processo lateral ao do BES/Angola que visa averiguar eventuais “lavagens” de quase 10 milhões de euros, no empreendimento de luxo Estoril-Sol Residence.
Ana chamou ainda a atenção do Ministério Público quando, em março deste ano, foi noticiada a venda da histórica Quinta da Foz, no Douro, propriedade da família Calém, por 4 milhões de euros.
A compradora foi a sociedade Vinango, da qual ela é única administradora.
Agora, a gestora despachada, divertida e incansável aparecerá ligada à rede milionária e fraudulenta de Michel Canals, com quem partilha a estrutura acionista da sociedade que vai gerir a unidade hoteleira do futuro aeroporto de Berlim.
Ele, pelo menos, é duvidoso que o faça. Detido preventivamente desde a passada semana, espera-o um longo e atribulado processo. Os telefones da Akoya silenciaram-se.
O site, no qual eram referidos as atividades legais de gestão de fortunas e os parceiros de negócios como o Espírito Santo Bankers, do Dubai, foi, entretanto, desativado. Monica Reist Kodder, outra das acionistas da empresa, não teve intervenção direta em Portugal, mas desapareceu do mapa. No segundo andar de um prédio no centro de Genebra, um repórter do Tribune de Genève encontrou, na última segunda-feira, a porta fechada. Os escritórios tinham a caixa de correio cheia, com faturas e um velho exemplar do Le Temps a deitar por fora. Há vários dias que os dentistas que se cruzavam nos corredores com os colaboradores da sociedade de Michel Canals não vislumbram vivalma. O único sinal de vida é dado por um buquê de flores destinado à Akoya Asset Management, colocado nessa mesma segunda-feira na porta, como num túmulo. Resta saber quem acompanha o cortejo fúnebre.
Lista de empresas
1 – SOCIEDADES SEDIADAS NA TORRE 3, 9.º, DAS AMOREIRAS
Ana Oliveira Bruno & Associados
Sociedade de advogados
Newshold, SGPS, SA
(Atividades das SGPS não financeiras)
Presidente do CA
Propriedade da Pineview Overseas, SA (91,2%), do Panamá
Newshold Consulting, Unipessoal, Lda
Edição de publicações
Administradora
One Advice, Lda (temporariamente inativa)
(Consultoria)
Sócia-gerente
Astington Services, SA
(Compra e venda de propriedades)
Administradora única
Expanding Dreams, Unipessoal, Lda
(Consultoria)
Administradora única em nome de Brink International, Ltd, nas Ilhas Virgens Britânicas
Terraço nas Escolas – Imobiliária, SA
Administradora única
NWinebar Pessoal, Lda
(Restauração)
Administradora única em nome da Newshold, SGPS, SA
Novo Conteúdo, SA
Agências de publicidade
Presidência do CA
NWrite, SA
(Marketing, Comunicação e Estratégia)
Administradora única
Ruby Lake, Unipessoal, Lda
(Consultoria)
Administradora única em nome de Ruby Lake Holdings, Ltd, nas Ilhas Virgens Britânicas
Greenvestra Lisboa Invest, Unipessoal, Lda
(Consultoria)
Administradora única em nome de Vestra Invest Ltd, nas Ilhas Virgens Britânicas
For Arts Sake, Unipessoal, Lda
(Artigos em segunda-mão)
Administradora única (empresa mãe não identificada, com sede nas Ilhas Virgens Britânicas)
Greyhall Investimentos Unipessoal, Lda
Administradora única em nome de Cillbridge, Lda, nas Ilhas Virgens Britânicas.
Investattitude, SA
(Consultoria)
Administradora única
Investholding, SGPS, SA
(Atividades das SGPS não financeiras)
Administradora única
Imoguadiana – Empreendimentos Imobiliários, SA
Presidente da AG
Turpart SGPS, SA
(Atividades das SGPS não financeiras)
Administradora
Merbeka, Unipessoal, Lda
(Compra e venda de imóveis)
Administradora única em nome de Rebbeck Holding, SA, no Panamá
PCMS – Private Consulting and Management Services, SA
Administradora única
Vinango – Investimentos e Participações, SA
(Viticultura)
Administradora única
Grunberg Portugal, Unipessoal, Lda
(Compra e venda de imóveis)
Administradora única em nome de Grunberg Investments, Ltd, nas Ilhas Virgens Britânicas
Horizonte Estratégico, SA
(Compra e venda de imóveis)
Administradora única
Lesseps Investments, SA
Compra e venda de imóveis
Administradora única
Paredes Meias – Gestão, Urbanização e Promoção Imobiliária, Lda
Procuradora (Miguel Nuno Horta e Costa é o sócio-gerente e a Breysse Capital Corporation a principal acionista)
Seapart – Investimentos e Participações Sociais, SA
Administradora única
Totalmente imóvel – Administração imobiliária, SA
Administradora única
Ocean Latitude, SA
(Comércio por grosso de máquinas, equipamento industrial, embarcações e aeronaves)
Administradora única
Searchouse, Imobiliária, Unipessoal, Lda
Gerente em nome de Bordel Investment Holdings Ltd (origem não identificada)
Redcliff – Sociedade Imobiliária, SA
Administradora única
Semperfield Investments, Unipessoal, Lda
(Compra e venda de propriedades)
Gerente em nome de Semperfield Overseas Pte. Ltd, com sede em Singapura
Super Limite, Unipessoal, Lda
(Compra e venda de imóveis)
Administradora (Hélder José Bataglia, da ESCOM, detém a totalidade do capital).
Telhados do Tejo, Imobiliária, SA
Administradora única em nome da Keahey Holdings, Ltd (origem não identificada)
2 – OUTRAS EMPRESAS
O Sol é Essencial, SA
Edição de jornais
Presidente do CA
O Sol é Essencial II – Publicações Unipessoal, Lda
Edição de Jornais
Administradora única
Acron Berlin Brandenburg International Airport
Presidente da CA (Michel Canals é administrador)
Lxtejo – Investimentos Imobiliários, SA
Presidente do CA
Vale do Lobo – Resort Turístico de Luxo, SA
Administradora
Printer Portuguesa – Indústria Gráfica, SA
Presidente do CA (Bertelsmann Portuguesa, SGPS, Lda é a detentora do capital)
RHC Consulting – Advisory Services
Sócia
Invesfox – Gestão de Imóveis e Representações, SA
Vogal da AG
Domuslisboa – Sociedade Imobiliária, SA
Administradora
3 – EMPRESAS DISSOLVIDAS OU EM INSOLVÊNCIA
Amostra – Estudos de mercado, Lda
Gestora (José Braga Gonçalves, condenado no caso Moderna, era o gerente)
Alcantara Media – Comunicação, SA
Presidente da AG
Bigas Bello – Sociedade Imobiliária, Unipessoal, Lda
Administradora única
Build a Music, Lda
(Produção de obras musicais, espetáculos, eventos)
Gerente
Castilho 63, Sociedade de Gestão de Imóveis, Lda
Gerente em nome da Southern Cross Business Inc e da New Ventures Corp (subsidiária da Enron), com sede em Delaware
Chez Toi – SGPS, SA
(Atividades de crédito)
Administradora única
José M. Vaz Pereira, SA
(Produtos químicos)
Presidente da AG
Nova Comunicação Essencial, Lda
(Edição de jornais)
Administradora em nome da Newshold, SGPS
Paço da Realeza – Sociedade de Consultoria e Gestão de Imóveis, SA
Presidente do CA (A empresa é propriedade da Pinkcast, Ltd, de Londres)
Quinta dos Inglesinhos, Sociedade Imobiliária, Lda
Sócia em representação de Shenda Invest Corp, nas Ilhas Virgens Britânicas
Isaytalt – Sociedade de Consultoria e gestão de imóveis, SA Administradora única
Audifirb, Contabilidade, Auditoria e Fiscalidade, Lda
Administradora
CL – Construções do Leste, Lda
Sócia, com José Braga Gonçalves
Handsteps, SA
(Indústria de calçado de senhora)
Presidente do CA
Lisbon Properties, LPGI – Sociedade de Gestão de Imóveis
Administradora única em nome de Foxcroft Trading Limited, nas Ilhas Virgens Britânicas
Lunenburg Investments, SA
(Compra e venda de imóveis)
Administradora (O presidente do CA era José Jacinto Iglésias, atual administrador da Fundação Millennium BCP)
Telhados do Mundo, Unipessoal, Lda
(Construção)
Administradora única em nome de Pongrett International Limited, nas Ilhas Virgens Britânicas
4 – EMPRESAS FUSIONADAS
Gullwing, SA
(Consultoria)
Administradora
A Céu Aberto, Campismo e Caravanismo em Parques, Lda
Administradora única em nome de Foxcroft Trading Ltd, nas Ilhas Virgens Britânicas
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