Ainda não há explicações para os casos de cegueira. Só dentro de 15 dias devem ser conhecidos os resultados dos inquéritos.
A direcção clínica do hospital diz, no entanto, que é muito remota a possibilidade de estarem relacionados com o fármaco utilizado no tratamento, mas a revista Sábado divulga o conteúdo de uma carta dos laboratórios Roche enviada aos hospitais portugueses.
O documento, a que a SIC também acedeu, pode contrariar a tese do Santa Maria. Nessa carta, o laboratório diz que o Avastin é desaconselhado para tratamentos oftalmológicos. Ora, foi esse mesmo medicamento que foi usado nestes seis casos.
O Infarmed escusa-se a comentar o envio da carta, remetendo o assunto para as indicações terapêuticas, que recomendam apenas o uso oncológico do produto.
A notícia da revista Sábado afirma que “todos os hospitais portugueses foram avisados de que o medicamento Avastin (…) é desaconselhado para utilizar em procedimentos oftalmológicos”.
Para que serve o Avastin
A utilização do medicamento Avastin, que deixou cegas seis pessoas que foram operadas, na sexta-feira, no Hospital de Santa Maria, está prevista para o tratamento de vários tipos de cancro, entre eles o da mama, cólon, recto e pulmão.
Nessas indicações, está expresso que o Avastin, “em associação com quimioterapia contendo fluoropirimidinas, está indicado no tratamento de doentes com carcinoma metastizado do cólon ou do recto.”
O medicamento que provocou a cegueira de seis pacientes do Hospital de Santa Maria está referenciado também para tratar “doentes com cancro da mama metastático”, quando associado ao “paclitaxel.”
“Em associação com quimioterapia baseada em platinos”, o Avastin “está indicado no tratamento de primeira linha de doentes com cancro do pulmão de células não pequenas, irressecável, avançado, metastático ou recidivante.”
O Avastin está ainda indicado “no tratamento de primeira linha de doentes com cancro de células renais avançado e/ou metastizado”, quando associado a “interferão alfa-2a.”