“Pela enésima vez foi publicada a mentira de que a Sérvia vende armas à Ucrânia”, declarou o ministro da Defesa sérvio, Milos Vucevic, num comunicado hoje divulgado.
“É óbvio que alguém tem como objetivo desestabilizar o nosso país e envolvê-lo num conflito em que não queremos participar”, acrescentou.
E insistiu: “Já desmentimos mais de dez vezes essas falsidades e fazemo-lo de novo. A Sérvia não vendeu nem venderá armas nem à parte ucraniana nem à parte russa”.
Vucevic reagia a uma notícia da agência noticiosa britânica Reuters, divulgada por diversos ‘media’ sérvios e citada pelas agências internacionais, de que num dos documentos secretos do Pentágono (Departamento de Defesa norte-americano) divulgados recentemente em redes sociais era referida a disponibilidade e a prontidão da Sérvia para entregar armamento à Ucrânia.
Segundo esse documento, a Sérvia teria rejeitado fornecer treino militar às forças ucranianas, mas tinha-se comprometido em enviar ajuda letal.
O relatório secreto em questão acrescentava que existe vontade política em Belgrado para fornecer armamento à Ucrânia no futuro, e que o país possuía capacidade militar para o concretizar.
A Sérvia, país candidato ao ingresso na União Europeia (UE), é um aliado tradicional da Rússia e recusou aplicar as sanções ocidentais contra Moscovo, apesar de ter condenado a invasão militar russa de fevereiro de 2022 e a violação da integridade territorial da Ucrânia.
“Existe sempre a possibilidade de que algumas armas se encontrem de forma misteriosa em território do conflito, mas isso não tem nada a ver com a Sérvia”, frisou Vucevic.
Numa declaração posterior, o vice-primeiro-ministro sérvio e chefe da diplomacia, Ivica Dacic, também desmentiu qualquer envio de armamento em direção à Ucrânia e assinalou que o país “respeita os instrumentos legais internos e internacionais e não fornece armas e equipamento militar a qualquer Estado que possam desencadear ou prolongar conflitos armados, ou comprometerem a paz e a segurança na região ou os seus próprios interesses na área da defesa”.
O Governo sérvio tinha já desmentido em março informações publicadas em diversos ‘media’ russos sobre alegadas exportações de armamento da Sérvia para a Ucrânia.
O Departamento de Justiça dos Estados Unidos, que abriu entretanto uma investigação, está a tentar identificar a fonte da fuga e está a examinar a validade dos documentos classificados divulgados na Internet.
A ofensiva militar russa no território ucraniano, lançada a 24 de fevereiro do ano passado, mergulhou a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A invasão russa — justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de “desnazificar” e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia — foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
PCR // SCA