É mais um sinal do crescente isolamento que a Rússia parece querer abraçar. Um dos principais líderes políticos da Crimeia, sob controlo russo desde a invasão de 2014, apelou a que a língua inglesa seja retirada dos currículos escolares.
“As línguas são um assunto polémico para mim, muito polémico: por que razão devemos seguir cegamente o caminho da língua inglesa? Porquê aprender uma coisa que não é necessária se uma pessoa nunca for a Londres?”, disse esta semana Vladimir Konstantinov, presidente do Conselho de Estado da Crimeia, num encontro com jornalistas.
“Seguir estupidamente uma civilização estrangeira é perigoso”, continuou o governante da autoproclamada República da Crimeia, de acordo com a descrição da agência de notícias russa TASS. “Fazemos [uma criança] refém – essa criança vai acabar por dizer que sabe inglês e depois vai querer saber mais sobre Inglaterra. Vamos antes aprender as nossas línguas, desenvolver as nossas línguas! Os ingleses estão há mil anos em guerra connosco e continuamos a estudá-los, gastamos dinheiro com professores, perdemos tempo – e depois não há tempo suficiente para a História.”
Konstantinov não aprendeu inglês na escola, mas tirou um curso de dois anos mais tarde.
Esta não é a primeira sugestão orwelliana vinda de responsáveis políticos russos. Em março, deputados do Partido Liberal Democrátido da Rússia haviam proposto no parlamento, em Moscovo, a inclusão de “aulas sobre a verdade” nos currículos escolares, para mostrar a “realidade” do país. “Não as falsificações que encontramos todos os dias, mas o que está a acontecer de facto, tanto no circuito externo como naquela operação especial de desmilitarização e desnazificação, que agora está a ocorrer, para que os veteranos, participantes nessa operação especial, venham à escola contar o que se passa”, disse Boris Chernyshov, vice-presidente da Duma.