O alerta partiu um especialista americano em redes sociais: a propagação de desinformação online da Rússia está-se a tornar cada vez mais descentralizada e ganhar um “tráfego incrível” no TikTok.
Darren Linvill, que analisa as campanhas da Agência de Pesquisa na Internet (IRA) ligada ao Kremlin, reforçou a ideia de que as publicações estão a parecer cada vez mais reais. A IRA é uma empresa russa envolvida em operações de influência online em nome dos interesses políticos e empresariais russos.
O professor da Universidade Clemson, na Carolina do Sul, explicou ao The Guardian que estão a circular publicações de fact-checking (verificação de conteúdo) falsas, que amplificam a desinformação ao veicular este tipo de conteúdos em plataformas como Instagram, TikTok e Telegram.
Este domingo, o governo do Reino Unido publicou um comunicado onde dizia ter conhecimento de que o Kremlin está a usar uma antiga fábrica em São Petersburgo como sede de operações para espalhar mentiras nas redes sociais e nas secções de comentários dos sites populares.
“Os soldados cibernéticos estão a atacar impiedosamente políticos e figuras públicas em vários países, incluindo Reino Unido, África do Sul e Índia”, lê-se. “A pesquisa expõe como a campanha de desinformação em grande escala do Kremlin é projetada para manipular a opinião pública internacional sobre a guerra ilegítima da Rússia na Ucrânia, tentando aumentar o apoio à guerra abominável e recrutando novos simpatizantes de Putin”.
Linvill disse que a estratégia do IRA não é fazer com que as pessoas acreditem em algo novo, mas sim semear dúvidas e causar desconfiança em fontes de informação que geralmente são vistas como legítimas, em particular para dissuadir a oposição ao presidente russo.
No relatório, os investigadores do governo garantem que os alvos destas atividades incluíram as contas de Boris Johnson, Daft Punk, David Guetta e Tiësto.
“As principais inovações desta metodologia incluem fazer comentários, uso de VPNs e ampliação deliberada de conteúdo ‘orgânico’ que apoia a posição do Kremlin”, afirma-se no documento. Isto significa que desde que o conteúdo que publiquem não seja muito ofensivo, é improvável que fiquem sujeitos a intervenções.
“O IRA tem uma longa história de tirar vantagem de vozes legítimas”. No entanto acrescenta que o impacto do TikTok foi particularmente surpreendente, com algumas contas falsas tendo centenas de milhares de seguidores. “Eles foram muito, muito eficazes”, disse ele. “Eles conseguiram uma quantidade incrível de tráfego no espaço nacionalista russo.”