Oliwia Dabrowska tinha apenas 3 anos quando apareceu pela primeira vez no grande ecrã e marcou para sempre a história do cinema. O seu nome pode não ser automaticamente reconhecido, mas poucos esquecem a sua presença no clássico de Steven Spielberg “A Lista de Schindler”, vencedor de sete Óscares, incluindo o de Melhor Filme (1994). Na época, Oliwia surgiu vestida com um casaco vermelho, o único objeto com cor no filme a preto e branco, e veio confrontar a realidade violenta de um bairro de Cracóvia, com os seus habitantes a serem mortos pelas tropas alemãs. A participação de Oliwia, embora curta, trouxe a esperança, a compaixão e a inocência que iriam combater os ideais da Alemanha nazi.
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Hoje, com 32 anos, a polaca recupera o símbolo de esperança que representou no passado e apela ao mundo que ajude a Ucrânia como ela própria está a fazer. Numa publicação no seu Intagram, Oliwia Dabrowska trouxe de volta a menina de vermelho que também agora, e perante a guerra na Ucrânia, tem uma mensagem contra o desespero. Na descrição, a agora voluntária na fronteira da Polónia escreveu: “Ela sempre foi um símbolo de esperança. Deixemos que o seja outra vez”. Na publicação, a icónica cena do filme surge com as cores manipuladas, de modo a surgirem a azul e amarelo, como a bandeira ucraniana.
A Lista de Schindler conta a história de um membro do partido nazi que ajudou milhares de judeus a fugir daquela que seria, provavelmente, uma morte certa. Os relatos da Segunda Guerra Mundial (1939-1945) têm sido comparados, em todo o mundo, à atual situação dos ucranianos, vítimas de abuso e morte por parte das tropas russas. A guerra na Ucrânia tem despertado uma onda de solidariedade, formada por milhares de voluntários que, seja no seu país ou na Ucrânia, têm procurado ajudar os refugiados. Os voluntários são hoje a expressão da esperança, e entre eles encontra-se a menina de vermelho, agora em idade adulta.
Oliwia tem usado as redes sociais para pedir ajuda em nome dos ucranianos. Numa outra publicação, a ex-atriz escreveu: “Precisamos da tua ajuda aqui na fronteira polaco-ucraniana. Cada bocadinho ajuda: precisamos de doações materiais e financeiras, tu também podes voluntariar-te para ajudar pessoalmente. A situação é dramática; Também sou voluntária aqui, na fronteira, e já vi com os meus próprios olhos…”
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As suas publicações incluem denúncias dos bombardeamentos a cidades ucranianas pelos militares russos. “Hoje a Rússia bombardeou Yavoriv”, acusou numa delas, acompanhada da história de uma mãe e os seus dois filhos que fugiam da guerra e procuravam ajuda para chegar até perto da fronteira com a Alemanha. A voluntária ajudou a família. “Normalmente transportamos refugiados na nossa área, mas desta vez não pudemos simplesmente dizer ‘não’. Eles estavam desesperados por chegar até à irmã. Aquelas crianças… meu Deus, mal consigo segurar as lágrimas”, escreveu. “Não posso contar tudo o que vi lá, porque não tenho as palavras certas… Ninguém imagina o pesadelo nos olhos daquelas pessoas.”
Numa publicação mais recente, Dabrowska admitiu que o trabalho como voluntária a fez perceber que, no fundo, nunca deixou de se sentir um símbolo de esperança. “Esta menina de casaco vermelho esteve comigo toda a minha vida. Eu não pensei muito nela, ela estava escondida em algum lugar na minha mente. Eu interpretei-a quando tinha apenas 3 anos e desde então. Mais ou menos, ela esteve comigo na pré-primária, na escola, nas aulas de música, na universidade e no meu primeiro trabalho. E agora. Ela foi comigo até à fronteira, ela veio para os pontos de receção onde eu vi muitas meninas de casacos coloridos. E muitos meninos em casacos coloridos”, escreveu. “Aquelas crianças estavam tão tristes. Elas não percebem o que está a acontecer à sua volta, eles não sabem o que é a guerra, o que isso significa para as suas famílias”.
Segundo as Nações Unidas, mais de cinco milhões de ucranianos abandonaram o país desde o início da invasão russa, a 24 de fevereiro. Quase dois terços de todas as crianças ucranianas terão sido forçadas a deixar as suas casas devido à guerra.