O nome Marina Ovsyannikova foi escrito e ouvido por toda a parte depois de a jornalista russa ter interrompido o principal noticiário do Canal 1, estação televisiva russa, entrando com um cartaz contra a guerra na Ucrânia enquanto a pivot lia as notícias. A jornalista foi depois detida pela polícia e, durante 24horas, o seu paredeiro manteve-se desconhecido.
Ovsyannikova reapareceu hoje e, acompanhada pelo advogado bielorusso Anton Hashynsk, que tem licença para exercer na Rússia, foi a tribunal, em Ostankino, Moscovo, para ser ouvida. A jornalista foi acusada de “infração administrativa”, de acordo com o Novaya Gazeta, por ter organizado um evento público não autorizado. O crime podia, inicialmente, ser punido até 10 dias de prisão, uma pena significativamente menor do que os iniciais 15 anos previstos sobre a nova lei criminal que proíbe a utilização da expressão “invasão” na descrição da guerra ucraniana ou a disseminação de “notícias falsas” sobre o conflito.
Contudo, a jornalista foi libertada esta terça-feira à tarde sem ser obrigada a enfrentar qualquer pena de prisão. No tribunal, Ovsyannikova declarou-se inocente perante a acusações que foram feitas contra si, de acordo com a BBC, e a decisão final da instituição foi o pagamento de uma multa que equivale a cerca de 255 euros, pena que está relacionada com um outro vídeo publicado no qual reforça a mensagem antiguerra e pede ao povo russo que se una contra Putin. Desconhece-se ainda se Ovsyannikova será alvo de mais acusações devido à sua intervenção na emissão em direto do Canal 1.
O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, descreveu as ações de Ovsyannikova como um ato de “hooliganismo”, segundo a Reuters. Uma imagem publicada na rede social Telegram e que mostra a jornalista com o seu advogado está a ser amplamente divulgada nas redes sociais.
Neste momento, apenas canais de comunicação que se encontram sobre o controlo do governo russo são permitidos no país e várias redes sociais foram proibidas. A invasão russa na Ucrânia continua a ser apelidada de “operação militar especial” dentro das fronteiras da Rússia e o governo ucraniano é continuamente acusado de neo-nazismo.