
A embaixada da Rússia no Reino Unido acusou, no Twitter, a Ucrânia de ter encenado as fotos dos momentos que se seguiram ao ataque à maternidade de Mariupol, na última quarta-feira. Na publicação, entretanto apagada pela rede social por violação das regras do Twitter, mas cujas informações foram repartilhadas várias vezes por contas ligadas ao Kremlin, a embaixada alegava que os ucranianos tinham utilizado, até, uma influencer de moda, maquilhada de forma “muito realista”, para aparecer nas imagens.
A pessoa em questão é Marianna Podgurskaya – o nome foi divulgado na própria publicação – , que aparece ferida em algumas das fotos mais marcantes do dia do ataque, tendo sido fotografada pelo premiado fotojornalista Evgeniy Maloletka, um dos profissionais ucranianos no terreno que tem conseguido captar de forma mais próxima a realidade vivida na Ucrânia e os ataques a civis em fotos que têm corrido o mundo. A embaixada russa acusou Maloletka de ser “propagandista” e a influencer de ter “desempenhado o papel de grávida”.
Com uma carreira de mais de 12 anos, o trabalho do fotógrafo Maloletka já foi publicado em publicações de renome como a revista TIME, The New York Times, The Washington Post, Der Spiegel, Newsweek, The Independent, El Pais, The Guardian e The Telegraph, por exemplo. Além disso, o fotojornalista passa a maior parte do tempo no leste da Ucrânia, a trabalhar para a Associated Press.

Em relação às imagens, em que se pode ver a jovem com ferimentos, e que contradizem as alegações do órgão diplomático, a embaixada afirmou, numa outra publicação que também foi apagada, que Podgurskaya usava “maquilhagem muito realista”, acrescentando que a influencer “não podia estar na maternidade” na altura do ataque, porque “tinha sido levada pelo batalhão neonazi Azov, que tinha dito aos funcionários para limpar o local”.
A embaixada alegou ainda que o hospital estava há muito tempo inoperacional e que servia de base a extremistas. Contudo, na última semana, o estabelecimento tinha partilhado uma publicação na sua página de Facebook em que pedia combustível para se manter operacional, como mostra o jornalista da BBC Mike Wendling no Twitter.
Apesar de não ter sido confirmada oficialmente a sua identidade, se a pessoa que aparece nas imagens do ataque for, efetivamente, Marianna Podgurskaya, a jovem partilhou, desde janeiro, fotos no instagram que mostram, de facto, que estaria grávida. A sua última publicação nessa rede social é de 28 de fevereiro, onde se vê a barriga e roupas de bebé.
Esta sexta-feira, a jornalista ucraniana Olga Tokariuk referiu, no Twitter, que tinha conseguido contactar um familiar de Marianna Podgurskaya. “Ontem à noite, às 22 horas, a Marianna deu à luz uma menina! Eles estão bem, mas está muito frio em Mariupol e os bombardeamentos não param”, escreveu na rede social.
A notícia do ataque àquele local foi avançada pelo presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, que dizia existirem pessoas e crianças debaixo dos destroços. O acontecimento foi confirmado pela Câmara Municipal de Mariupol, que acrescentou: “A destruição é colossal”, avançou a Sky News. As autoridades ucranianas anunciaram três mortos e contabilizou dezenas de feridos.
A cidade de Mariupol, no sul da Ucrânia, encontra-se cercada por tropas russas e está sujeita a bombardeamentos há dias, deixando milhares de pessoas sem comida, água e eletricidade.