Esta terça-feira, o Partido Comunista Português (PCP) votou contra a resolução do Parlamento Europeu de condenação da Rússia pela invasão à Ucrânia. “O PCP considera profundamente negativa a resolução, hoje adotada no Parlamento Europeu”, lê-se num comunicado enviado às redações.
Na mesma nota, o partido afirma que esta resolução, que foi aprovada, dá “força à escalada” e “cobertura ao colossal processo de aumento de despesas militares, ao reforço e alargamento da NATO e à militarização da UE”. O partido afirma ainda que esta mesma resolução “ignora os atropelos aos princípios do direito internacional – dos quais tem uma visão seletiva, restritiva e instrumental – e as sucessivas decisões e provocações dos EUA, NATO e UE que levaram ao conflito na Ucrânia e precederam a intervenção militar da Rússia neste país”.
“O PCP condena o caminho de ingerência, de violência e de confrontação decorrente do golpe de estado de 2014 promovido pelos EUA na Ucrânia, a que se seguiu a recente intervenção militar da Rússia, e a que se acrescenta a intensificação da escalada belicista dos EUA, da NATO e da UE”, pode ler-se no comunicado de hoje, que reitera a posição assumida a 24 de fevereiro. “O PCP reafirma a sua posição de sempre contra a guerra e a favor da paz”, resume.
Houve 637 a favor da resolução, 26 abstenções e 13 votos contra, entre os quais dois do PCP, quatro dos liberais, um dos verdes e um da extrema-direita. Este voto dos comunista segue a linha de atuação do partido em relação ao tema até ao momento, sendo o único, até agora, a recusar condenar frontalmente o presidente russo, Vladimir Putin, pela invasão russa à Ucrânia: na última quinta-feira, o deputado do PCP João Oliveira referiu, no parlamento, que esta guerra “não era um problema entre russos e ucranianos” e que interessava apenas “aos Estados Unidos e ao seu complexo industrial militar”.
Apesar de terem vindo a criticar a atuação do presidente russo, os comunistas deslocam ainda a responsabilidade do conflito para a NATO e para a União Europeia. O antigo deputado Miguel Tiago foi, até, ao Twitter do presidente ucraniano demarcar-se das palavras de solidariedade de Marcelo Rebelo de Sousa para com a Ucrânia, como pode ler neste artigo da VISÃO que analisa os impactos desta tomada de posição do partido.
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