Enquanto os confrontos se intensificam no terreno, com combates nas principais cidades da Ucrânia, há uma nova frente de batalha a decorrer na internet e na darkweb. Trata-se da ciberguerra, uma luta que pode ajudar a enfraquecer o inimigo e mobilizar as populações.
Ontem ao final do dia, Mykailho Fedorov, Vice-Primeiro Ministro e Ministro da Transformação Digital da Ucrânia, colocou um apelo no Twitter a recrutar todos os que se queiram juntar a este exército digital.
“Estamos a criar um exército de TI. Precisamos de talentos digitais. Todas as tarefas operacionais serão dadas aqui: https://t.me/itarmyofuraine. Haverá tarefas para todos. Continuamos a lutar na frente cibernética. A primeira tarefa está no canal para especialistas cibernéticos”, lê-se no tweet publicado ontem.
O exército armado da Ucrânia, assim é apelidado, utiliza o Telegram, um serviço alternativo de mensagens instantâneas, para partilhar informação. O canal já tem mais de 21 mil subscritores.
A ideia é estes voluntários do submundo hacker combaterem com armas digitais nesta guerra cibernética. O objetivo é criar uma unidade defensiva para proteger a infraestrutura ucraniana, como usinas de energia e sistemas de água. Além disso, esta unidade de voluntários vem também ajudar as forças militares ucranianas a realizar operações de espionagem digital contra as forças invasoras russas
Além do recrutamento de hackers, o governo ucraniano tem vindo a conduzir uma guerra de memes nas redes sociais, com caricaturas políticas e piadas sobre Putin e a Rússia. Segundo o New York Post, há também outro tipo de arma: a sedução digital. Os soldados russos estão a comunicar com mulheres ucranianas no Tinder, abrindo a possibilidade de inteligência militar criar perfis falsos e descobrir locais e movimentos de tropas.
Os danos causados por este tipo de guerra podem ser assinaláveis. Um conflito a este nível pode ter um forte impacto nos dois países, que embora protegidos, têm sempre vulnerabilidades nos seus sistemas.
O grupo de piratas informáticos Anonymous já declarou guerra contra os russos, saindo em defesa do povo ucraniano.
Reivindicou os inúmeros ataques a sites russos, incluindo do governo, do Kremlin e do ministério da Defesa. O ataque foi também direcionado à RT, a rede de televisão internacional controlada pelo estado russo. “Os sites do governo russo, Kremlin, Duma, Ministério da Defesa e RT foram todos afetados pelo aparente ataque cibernético, com alguns dos sites lentos e outros mesmo offline por longos períodos de tempo ao longo do dia”, lê-se numa notícia da RT.
Os Anonymous surgiram há 12 anos em fóruns de chats e ficaram conhecidos por criar ciberataques efetivos para causar disrupção em sites ou serviços online. Entre as ‘vítimas’ do grupo de hacktivistas estão a CIA, a Sony e a PayPal, além muitos sites de governos como forma de protesto, onde consta agora também a Rússia.