“A minha avó atravessou a fome e a ocupação de Kiev na Segunda Guerra Mundial. Esta fotografia foi tirada quando ela descobriu que havia mísseis a sobrevoar a sua casa.” É assim que o fotógrafo Dima Kornilov, 40 anos, ucraniano residente em Portugal que se encontra em Kiev, começa a descrição do que se está a passar neste momento, horas depois de Vladimir Putin ter ordenado a invasão da Ucrânia.
Em Kiev, o sentimento geral é de pânico. Esta manhã, sob os mísseis que sobrevoavam a cidade, a população tem acorrido aos supermercados e aos terminais de multibanco, enquanto, nas saídas da cidade, se multiplicam as filas de quilómetros, de pessoas a tentarem fugir desesperadamente dos invasores russos.
Dima Kornilov, que já tinha feito a cobertura, para a VISÃO, da revolução de 2014 em Kiev, destaca também outra história impressionante. “O segundo retrato é de um miúdo de Mariupol [cidade na oblast de Donetsk, na zona controlada pelo governo ucraniano] que estava na fila de um multibanco. A sua avó chamou-o à noite e disse-lhe em lágrimas que Mariupol estava a arder. Ele estava a levantar dinheiro para ir ter com ela.”
Na cidade, continua Dima, o que se vê são “filas de espera, pânico moderado, situação tensa, muitos evacuados fora da cidade, engarrafamentos de trânsito à saída das cidades”.