Com uma corrida totalmente aberta, Donald Trump questionou o processo democrático norte-americano, acusando a atual eleição de ser uma “fraude” contra os EUA e declarando-se vencedor do escrutínio. No terreno, há ainda milhões de votos por contar, muitos Estados por decidir e nenhum dos candidatos está perto de garantir a vitória.
“Na verdade, nós vencemos de facto a eleição”, afirmou o Presidente dos EUA, pelas duas da manhã, numa conferência de imprensa organizada na Casa Branca. Num discurso onde referiu uma série de vantagens parciais na contagem dos votos, o republicano lançou críticas e desconfiança sobre o processo eleitoral norte-americano, dizendo que era “uma vergonha” para o país.
Estas declarações do Presidente dos EUA não correspondem aos números que vão saindo dos Estados. Por esta altura, nem Biden nem Trump têm suficientes Estados ganhos para atingirem o número mágico dos 270 votos no Colégio Eleitoral. Nas contas do New York Times, por exemplo, Biden tem 227 e Trump 213. Há várias corridas renhidas. Em algumas delas, poderemos obter resultados em poucas horas, outras – como é o caso da Pensilvânia – podem demorar vários dias. Nenhum dos candidatos é capaz, nesta altura, de dizer que venceu.
“Isto é uma fraude contra a população americana. É uma vergonha para o nosso país. Estávamos preparados para ganhar esta eleição. Na verdade, nós ganhámos de facto esta eleição”, anunciou Trump aos seus apoiantes. “Naquilo que me diz respeito, nós já ganhámos.”
O Presidente disse (sem provas para o suportar) que os EUA estavam a viver uma situação de fraude, citando vantagens eleitorais que conquistou, mas que foram desaparecendo ao longo da noite à medida que os votos eram contados. Além disso, adiantou ainda que pretende recorrer ao Supremo para travar a contagem dos votos. “Queremos que a contagem pare”, admitiu, referindo-se a votos que ainda estão a chegar por correio.
Estas declarações de Trump levaram Joe Biden a reagir imediatamente. Horas antes, o vice-presidente tinha feito uma curta declaração ao país, em que disse estar confiante numa vitória. Após as palavras do Presidente, Biden reforçou no Twitter que não é Trump quem decide o vencedor da eleição.
De referir que o vice-presidente Mike Pence, que falou logo a seguir a Trump, disse que os votos continuavam a ser contados e, tal como Biden, preferiu falar num “caminho para a vitória”.
Com os resultados conhecidos até agora e a postura do Presidente torna-se mais improvável o cenário de uma vitória clara de qualquer um dos candidatos, prevendo-se a possibilidade de longas batalhas legais para decidir Estados mais renhidos.
Esta era uma possibilidade admitida pelos cientistas políticos, já que esta eleição trazia riscos acrescidos para a contagem dos votos, com uma percentagem recorde a chegar via postal. Alguns Estados, como a Florida, conseguem gerir esse volume com facilidade. Mas outros, como a Pensilvânia, podem demorar vários dias. Isso significa que, em alguns momentos, Trump pode parecer estar à frente da corrida, mas isso ser uma ilusão, porque faltam contar esses votos enviados por correio.
Entre os Estados que devemos conhecer em breve estão Arizona e Nevada (prováveis para Biden), Carolina do Norte (provável para Trump) e Georgia (praticamente 50/50).