O católico milionário que nasceu há 69 anos na pitoresca cidade alemã de Brilon, na Renânia do Norte-Vestfália, tem um plano para tentar seduzir o 47º Presidente dos Estados Unidos da América quando, esta quinta-feira, 5, visitar a Casa Branca. Friedrich Merz, o antigo oficial de Artilharia das Bundeswehr (as Forças Armadas da República Federal da Alemanha) é conhecido por ser ambicioso, arrogante e obstinado. O encontro com Donald Trump será um teste à sua capacidade negocial. Gaza, Ucrânia, taxas alfandegárias, NATO e presença militar norte-americana na Europa são alguns dos temas óbvios da agenda. O que não é coisa pouca, a que se somam as eventuais surpresas e armadilhas que o anfitrião reserva aos seus convidados na Sala Oval, como se viu com Volodymyr Zelensky e Cyril Ramaphosa, respetivamente os chefes de Estado ucraniano e da África do Sul.

Qual então o objetivo de Friedrich Merz? Convidar Trump para uma visita de Estado a Berlim, com toda a pompa e circunstância que tal implica, mas não só. Desafiar o antigo rei do imobiliário nova-iorquino a deslocar-se, com todas as mordomias, a Kallstadt. Explicação: esta milenar localidade da Renânia-Palatinado, que chegou a ser um importante entreposto comercial durante o Império Romano e que faz parte dos principais itinerários turístico-vitivinícolas que ligam a Alsácia francesa à parte sudoeste da Alemanha, é o sítio onde nasceu Friedrich Trump, o aprendiz de barbeiro que emigrou para a América em 1885, aos 16 anos. O avô paterno do atual Presidente faleceu antes de cumprir 50 primaveras e, mesmo assim, conseguiu enriquecer e deixar uma pequena fortuna após beneficiar da corrida ao ouro na região de Klondike, Canadá, no final do século XIX ‒ os seus negócios, além do corte de barba e cabelo, incluíam também a restauração, a hospedaria e a prostituição, com a ordem aqui a ser aleatória. Quando morreu, já naturalizado e com o nome mudado para Frederick, era uma das figuras mais abonadas do bairro de Morrisania, no Bronx, cujos investimentos permitiram ao filho e ao neto serem depois magnatas da construção civil na Big Apple.
