O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, já falou ao telefone com o presidente norte-americano, Joe Biden, sobre o ataque iraniano contra Israel lançado no sábado à noite.
Segundo o gabinete do chefe do Governo israelita, Netanyahu telefonou a Biden após uma reunião do Gabinete de Guerra que acompanhou o ataque sem precedentes do Irão, que lançou centenas de ‘drones’ e mísseis para atingir território israelita.
Nessa conversa telefónica, Joe Biden disse ao primeiro-ministro de Israel que não vai apoiar uma retaliação de Telavive contra o Irão, segundo o jornal Axios. “Tiveste uma vitória. Fica com esta vitória”, terá dito o presidente norte-americano.
Joe Biden já tinha manifestado numa mensagem na rede social X o “compromisso férreo” dos Estados Unidos da América com a defesa de Israel contra ataques do Irão ou dos seus parceiros.
Até ao momento registou-se apenas uma vítima, que sofreu ferimentos, e danos ligeiros na base aérea de Nevatim, que também foi atingida. A agência de notícias iraniana Irna publicou um vídeo desse momento:
Citados pela Sky News, os órgãos de comunicação iranianos referiram que Mohammad Bagheru, o chefe do Estado Maior das Forças Armadas iraniano, já avisou que qualquer retaliação de Israel vai ter como consequência um ataque maior do que o deste sábado.
A estação de notícias Canal 12 relatou que o Gabinete de Segurança de Israel autorizou o Gabinete de Guerra a decidir como o país irá responder ao ataque de Teerão.
Já hoje, pelas 04:00 locais (02:00 em Lisboa), o Exército autorizou a população a sair dos refúgios e abrigos, depois de confirmar o abate de mais das duas centenas de mísseis, foguetes e ‘drones’ lançados pelo Irão, a maior parte ainda fora do espaço aéreo israelita.
Também esta madrugada, a Mossad, serviços secretos de Israel, afirmou, num comunicado citado pelo jornal israelita Hareetz, que o acordo para cessar-fogo com o Hamas, que pretendia a libertação de reféns israelitas que ainda se mantêm em Gaza, em troca de aumento do fluxo de ajuda humanitária para Gaza, falhou.
Vão manter-se em vigor restrições à concentração de pessoas em espaços públicos, bem como proibição de excursões escolares, numa altura em que os alunos estão em férias de Páscoa.
Ataque ‘alcançou todos os seus objetivos’
O chefe das forças armadas iranianas, general Mohammad Bagheri, disse este domingo que o ataque realizado durante a noite contra Israel “alcançou todos os seus objetivos”.
“A Operação Honest Promise foi realizada com sucesso entre ontem (sábado) à noite e esta manhã, e alcançou todos os seus objetivos”, declarou na televisão, especificando que nenhum centro urbano ou económico foi alvo de ‘drones’ (aeronaves não tripuladas) e mísseis iranianos.
Bagheri afirmou que os dois locais mais visados foram “o centro de inteligência que forneceu aos sionistas as informações necessárias” para o ataque que destruiu o consulado iraniano em Damasco a 01 de abril, bem como “a base aérea de Novatim, de onde descolaram os aviões de caça israelitas ‘F-35’ que bombardearam as instalações diplomáticas do Irão na capital síria.
“Estes dois centros foram consideravelmente danificados e colocados fora de serviço”, garantiu. “Não temos intenção de continuar esta operação, mas se o regime sionista tomar medidas contra a República Islâmica do Irão, seja no nosso solo ou nos nossos centros na Síria ou noutro local, a nossa próxima operação será bem mais importante do que esta”, alertou o chefe das forças armadas iranianas.
O general Bagheri também indicou que as autoridades iranianas enviaram uma mensagem aos Estados Unidos “em que são avisados de que se cooperarem com Israel nas suas possíveis próximas ações, as bases [norte-americanas na região] não estarão seguras”.
Por seu lado, o comandante em chefe da Guarda Revolucionária do Irão, general Hossein Salami, advertiu hoje que Teerão contra-atacará de forma “mais severa que os bombardeamentos” de sábado à noite se Israel iniciar uma ofensiva contra interesses ou cidadãos iranianos em qualquer parte do país.
“Se o regime sionista (Israel) atacar os nossos interesses, autoridades ou cidadãos a partir de qualquer ponto, contra-atacaremos”, disse o chefe do corpo militar de elite e do exército ideológico do Irão, informou a cadeia de televisão Press TV. “A nossa reação a qualquer agressão israelita será mais severa”, garantiu Salami.
Israel, que vinha alertando há vários dias que a retaliação iraniana era iminente, planeia agora uma “resposta significativa” ao ataque iraniano, disse um funcionário que pediu anonimato à estação de televisão Channel 12.
Salami afirmou que a operação de sábado à noite e que se prolongou pela madrugada, na qual centenas de mísseis e drones foram disparados contra Israel, “foi mais bem-sucedida do que o esperado”.
“Os mísseis do Irão foram capazes de perfurar as defesas israelitas supostamente fortes”, disse Salami, contradizendo a versão de Telavive, que afirmou ter intercetado 99% dos mais de 300 ‘drones’, mísseis balísticos e de cruzeiro.
O Exército israelita afirmou hoje que, dos cerca de 170 ‘drones’ que o Irão lançou antes da meia-noite, nenhum chegou ao território israelita; e também teria intercetado 25 dos cerca de 30 mísseis de cruzeiro e quase todos os “mais de 120” mísseis balísticos.
Por seu lado, o ministro da Defesa do Irão, Mohammad Reza Ashtiani, avisou sábado à noite que qualquer país que permita a utilização do seu espaço aéreo ou território para realizar ataques contra solo iraniano receberá uma resposta forte.
O ataque iraniano ocorreu como retaliação ao bombardeamento atribuído por Teerão a Israel, ao consulado do Irão em Damasco, a 01 de abril, em que morreram seis sírios e sete membros da Guarda Revolucionária.
Entre os mortos estava o líder do ramo da Força Quds para a Síria e o Líbano, o Brigadeiro-General Mohamed Reza Zahedi.
O líder supremo do Irão, ‘ayatollah’ Ali Khamenei, insistiu repetidamente nas últimas semanas que “o regime sionista deve ser e será punido”, ameaças que foram repetidas por praticamente todos os altos funcionários do país após o ataque em Damasco.