“As redes sociais amplificam a velocidade a que a informação se propaga na Internet, torna-se crucial implementar mecanismos de verificação de factos e promover a utilização responsável destas plataformas”, referiu o antigo chefe de Estado durante uma conferência sobre “Liberdade, Democracia e Boa Governança” que decorre na ilha do Sal, em Cabo Verde.
Para Jorge Carlos Fonseca, “este é, atualmente, o grande desafio que se coloca para a democracia responsável e para o jornalismo credível e sério”.
“Contrariamente à ideia de que as redes sociais podem acabar com a profissão de jornalista, as redes sociais ajudam a reforçar o jornalismo nas sociedades democráticas”, porque este “tem um papel fundamental na verificação de factos”.
“Se a democracia não vive sem liberdade de imprensa, esta também não vive sem democracia”, acrescentou.
Apesar de Cabo Verde ser apontado como um exemplo de democracia para África, Jorge Carlos Fonseca referiu que há pilares a fortalecer: “a qualidade e independência do poder judicial, uma sociedade civil mais forte, capaz de ser crítica, e uma imprensa mais livre e plural, apetrechada, a todos os níveis”.
O antigo chefe de Estado defendeu uma comunicação social que combate “a autocensura” e justificou a “relativa fragilidade das instituições” com o facto de que “Cabo Verde nasceu e viveu durante muito tempo sob o signo da obediência ao poder” autoritário e paternalista.
Perante os conferencistas, considerou que o país precisa de “maior tolerância pela diferença e debate de ideias”.
“Em Cabo Verde, mas também em muitos países africanos que combateram o colonialismo, para boa parte dos intelectuais e quadros, a liberdade identifica-se historicamente com a libertação do regime colonial” e não com autonomia e liberdades individuais que são “pedra angular do Estado de direito”.
Jorge Carlos Fonseca apontou uma “necessidade de cultura da liberdade” em Cabo Verde, “de levar a cabo uma tarefa de desenvolvimento cultural e cívico”.
A principal ilha turística de Cabo Verde, Sal, acolhe desde segunda-feira uma conferência internacional sobre “Liberdade, Democracia e Boa Governança”, organizada pelo Governo do arquipélago e que termina hoje.
O programa inclui mais de 20 oradores e, no final, será apresentada a Declaração do Sal, sobre proteção dos direitos humanos, promoção das liberdades e boa governança em África e no mundo.
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