Dirigindo-se ao Senado italiano (câmara alta do parlamento), num debate sobre o Conselho Europeu que se celebra esta semana em Bruxelas, e que tem o apoio à Ucrânia entre os principais pontos em agenda, Meloni defendeu uma “cooperação global” com Kiev e, um dia depois de polémicas declarações do seu parceiro de coligação Matteo Salvini a saudar a reeleição de Vladimir Putin, considerou que as eleições presidenciais na Rússia foram “uma farsa” e garantiu que “o sacrifício” do opositor russo Alexei Navalny “não será esquecido”.
Relativamente à “proposta apresentada pela França sobre uma possível intervenção direta”, Giorgia Meloni disse que a posição do Governo italiano “não é favorável a esta hipótese”, acrescentado tratar-se de um “prenúncio de uma escalada perigosa que deve ser evitada a todo o custo”.
A chefe de Governo reiterou, contudo, o apoio de Itália à Ucrânia, assinalando que “não se trata de um compromisso de fornecimento de armas, mas de um entendimento que diz respeito a uma cooperação global, como é natural com um Estado que iniciou o processo de adesão à União Europeia (UE)”.
Depois de, na véspera, o seu vice-primeiro-ministro Matteo Salvini (líder da Liga, partido populista de extrema-direita que integra a coligação governamental) ter causado polémica e mal-estar no seio do Governo ao saudar a reeleição de Putin no passado domingo — levando o líder da outra força da coligação, Antonio Tajani (Força Itália), a lembrar que cabe a si, enquanto ministro dos Negócios Estrangeiros, a condução da política externa italiana -, Meloni hoje teceu duras críticas ao regime russo, considerando as eleições “uma farsa”.
“Reiteramos a nossa condenação das eleições fictícias realizadas nos territórios ucranianos e dos acontecimentos que levaram à morte de Alexei Navalny na prisão. O seu nome, enquanto símbolo de sacrifício em nome da liberdade, não será esquecido”, disse.
Relativamente a possíveis negociações de paz com Moscovo, Meloni lançou uma questão ao hemiciclo: “Como é que se pode sentar à mesa das negociações com quem nunca respeitou os acordos?”.
Por fim, a primeira-ministra italiana saudou “a entrada da Suécia e da Finlândia na NATO”, advertiu contra qualquer atitude agressiva por parte da Rússia em relação a estes dois países, bem como em relação aos países bálticos, e defendeu que a UE deve dotar-se de “um financiamento adequado para a defesa, uma vez que a liberdade tem um preço”.
“O que precisamos é de uma NATO com duas colunas de igual peso, uma americana e outra europeia”, concluiu.
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