“Os nossos agricultores precisam de um apoio específico. É por isso que […] vamos conceder-lhes 150 milhões de euros de apoio fiscal e social a partir deste ano e de forma permanente”, declarou Attal em conferência de imprensa, numa altura em que os protestos agrícolas se intensificam em França, em uníssono com outros países europeus.
Por outro lado, Attal garantiu também que o executivo vai trabalhar para que a União Europeia (UE) aprove uma “legislação clara” que defina a carne sintética, que é produzida a partir de células de tecidos animais e que não é atualmente autorizada no espaço comunitário.
“A carne sintética não corresponde à nossa conceção de alimentação à francesa. Por isso, gostaria de ver uma legislação clara a nível europeu sobre o que é a carne sintética”, declarou Attal, ao apresentar medidas para fazer face à crise agrícola do país.
Em novembro, a Itália proibiu a produção e a venda de carne sintética.
Por outro lado, o ministro da Agricultura francês, Marc Fesneau, anunciou que o Governo vai “suspender” o projeto de estabelecer objetivos para reduzir a utilização de pesticidas pelos agricultores do país, uma medida que cristalizou a ira dos agricultores.
Conhecido como “Ecophyto”, o plano tem como objetivo reduzir para metade a utilização de pesticidas até 2030.
“Vamos colocá-lo em pausa, enquanto reformulamos alguns aspetos e o simplificamos”, declarou Fesneau, ao revelar, ao lado de Attal, parte das medidas para responder à crise agrícola em França.
Attal anunciou também que Paris quer impedir a importação para França de frutas e legumes tratados com o pesticida tiaclopride, um produto proibido na Europa.
O chefe de Governo francês apelou também a que a questão da limitação das importações de cereais ucranianos para a UE seja incluída nas negociações.
A UE não incluiu os cereais numa lista de produtos sensíveis que podem ser objeto de restrições às importações.
Gabriel Attal, quase uma semana após as suas primeiras declarações a favor dos agricultores, prometeu também reforçar uma lei existente que protege a remuneração dos agricultores face à feroz guerra de preços entre os supermercados, por um lado, e os distribuidores e fornecedores da agroindústria, por outro.
O ministro da Economia francês, Bruno Le Maire, anunciou que “todas as grandes cadeias de supermercados” serão “inspecionadas nos próximos dias”, frisando que serão efetuados “mais de 10.000 controlos sobre a origem francesa dos produtos”.
Na série de medidas anunciadas hoje, Attal comprometeu-se igualmente a flexibilizar as regras que obrigam os agricultores a manter as superfícies de pastagem, aplicando “uma isenção da obrigação de replantação durante um ano”.
Anunciou igualmente o aumento dos limiares de isenção das heranças agrícolas.
“Queremos ser soberanos, soberanos para cultivar, soberanos para colher, soberanos para nos alimentarmos”, afirmou o primeiro-ministro francês.
Apesar das concessões da União Europeia, a revolta dos agricultores continua a alastrar, com um milhar de tratores em Bruxelas, onde os líderes europeus estão reunidos para uma cimeira, e bloqueios de estradas estratégicas em França.
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