Moisés da Silva, diretor-geral dos Recursos Humanos do Ministério da Educação Nacional, Ensino Superior e Investigação Científica, disse à Lusa que se medidas nesse sentido não forem tomadas “há riscos de o ano letivo ficar seriamente comprometido”.
O dirigente observou que só na semana passada 300 professores receberam visto de entrada em Portugal, onde vão tirar o mestrado, abandonando o sistema educativo guineense, e “um número considerável ainda sai devido a doença”.
“Temos informações de que mais de mil professores têm visto de estudo para Portugal”, destacou Moisés da Silva.
A Guiné-Bissau não tem, neste momento, nenhuma instituição a ministrar cursos de mestrado, pelo que vários quadros optam por procurar aquele grau de ensino fora do país.
O diretor-geral dos Recursos Humanos do Ministério da Educação notou que a situação está a afetar alunos de todos os níveis do ensino, particularmente os do ensino secundário, nas disciplinas de matemática e física, os do ensino superior, mas sobretudo os do ensino básico.
“A Escola do Ensino Básico Unificado de Perê, em Bissau, só numa semana perdeu 10 professores, que saíram do sistema. Os alunos ficaram sem ter aulas”, referiu Moisés da Silva, temendo que aqueles alunos optem simplesmente por ficar em casa.
O risco do abandono do ano letivo poderá aumentar se até fevereiro a situação de falta de professores não for resolvida, disse ainda o dirigente, notando que a partir de março, com o início da época da apanha da castanha do caju, é normal que muitos alunos deixem de ir à escola.
A castanha do caju é o principal produto agrícola e de exportação da Guiné-Bissau.
A associar-se à campanha de apanha do caju, Moisés da Silva aponta ainda para “outro risco de o ano letivo ser um desastre”, se a greve do sindicato dos professores se concretizar.
O sindicato prometeu entregar ao Governo ainda no decurso deste mês de janeiro um pré-aviso de greve geral.
Moisés da Silva exortou as autoridades a tomarem medidas urgentes “para evitar que a situação piore” e alertou que no ano letivo em curso regista-se uma “boa presença” de alunos nas escolas públicas, contrastando com anos anteriores.
“Se no ano passado tínhamos pouco mais de 200 mil alunos, este ano letivo temos 340 mil alunos”, observou o diretor-geral dos Recursos Humanos do Ministério da Educação Nacional guineense.
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