A Hidroelétrica de Cahora Bassa (HCB), em Moçambique, renovou em 2023 o pico de produção elétrica dos últimos cinco anos, que cresceu 2% face a 2022, para 16.057,55 GigaWatt-hora (GWh), anunciou hoje a empresa.
Em comunicado, a HCB refere que este pico de produção da hidroelétrica no ano passado ficou ainda 12,36% acima das projeções iniciais para 2023 e dos 15.753,5 GWh produzidos em 2021.
“A produção anual alcançada até 31 de dezembro de 2023 é a maior dos últimos cinco anos e resulta de uma gestão criteriosa, da disponibilidade hídrica da barragem e da implementação do reforço da operação e manutenção permanente dos equipamentos de geração e transporte hidroenergéticos”, afirma o presidente do conselho de administração da HCB, Tomás Matola, citado no comunicado.
A hidroelétrica moçambicana acrescenta que o nível de armazenamento na albufeira esteva no final de 2023 a 75% da sua capacidade útil, “valor recomendado pelas normas de exploração da barragem e da albufeira no que concerne à segurança hidráulica operacional”.
“Este armazenamento representa uma margem considerável da capacidade de encaixe da albufeira, face às eventuais afluências elevadas das barragens e outros rios a montante, no pico da [época] chuvosa que acaba de iniciar. Este fator poderá permitir reduzir possíveis impactos negativos nas zonas ribeirinhas dos distritos a jusante, tal como ocorreu no início de 2023, quando a barragem contribuiu significativamente para a mitigação de inundações nas regiões de Muturara e Caia”, sublinha a HCB.
O presidente do conselho de administração explica ainda que a empresa faturou, aos seus principais clientes, “valores consideráveis e coincidentes com a produção hidroenergética e revisão tarifária ao estrangeiro”.
“As previsões de lucros apontam para cifras que permitirão à empresa honrar os seus compromissos com o Estado e fornecedores de equipamentos, bens e serviços necessários ao empreendimento. As perspetivas para 2024 indicam uma consolidação dos principais indicadores financeiros da HCB, o que reforçará a posição estratégica da empresa enquanto elemento-chave para o desenvolvimento e para a economia nacional”, afirma Tomás Matola.
No final de 2022, segundo os últimos dados disponíveis, a HCB contava com 780 trabalhadores e registou então lucros de 9.207 milhões de meticais (131,6 milhões de euros), um aumento de 9,3% face a 2021.
A operação comercial daquela barragem teve início em 1977, com a transmissão dos primeiros 960 MegaWatts (MW), produzidos por três geradores, face à atual capacidade instalada de 2.075 MW, segundo dados da HCB.
Dois marcos tornaram depois possível a ‘moçambicanização’ do empreendimento, após a independência de Moçambique, recordou anteriormente a empresa.
O primeiro ocorreu em 31 de outubro de 2006, com a assinatura do protocolo que continha as condições necessárias para a reversão e a transferência do controlo de Portugal para o Estado moçambicano, e o segundo materializou-se um ano depois, com a conclusão da reversão, em 27 de novembro de 2007.
O acordo de reversão da HCB permitiu que o controlo da barragem passasse do Estado português para a contraparte moçambicana, num acontecimento descrito pelo então chefe de Estado moçambicano, Armando Guebuza, como a “segunda independência de Moçambique”.
A albufeira de Cahora Bassa é a quarta maior de África, com uma extensão máxima de 270 quilómetros em comprimento e 30 quilómetros entre margens, ocupando cerca de 2.700 quilómetros quadrados e uma profundidade média de 26 metros.
A barragem está instalada numa estreita garganta do rio Zambeze e a sua construção decorreu de 1969 a 01 de junho de 1974, dando início ao enchimento da albufeira.
A HCB admitiu em agosto a “reativação” do projeto da nova central, a norte, face à crescente demanda de eletricidade na região.
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