O mais antigo correspondente dos jornais europeus no Médio Oriente, o catalão Tomás Alcoverro, que há quase meio século faz a cobertura dos conflitos israelo-árabes, escreveu que a Faixa de Gaza é um daqueles sítios, “onde se chega a chorar e se sai a chorar”. É assim que ele, como repórter, confessa sentir-se sempre que teve de palmilhar o minúsculo território de 365 quilómetros quadrados, no qual se acumulam mais de dois milhões de almas. O jornalista de La Vanguardia conta que aí, em 1982, no bairro de Rimal (que significa areia), junto à paradisíaca praia banhada pelas águas tépidas do Mediterrâneo oriental, o então carismático e inquestionável líder dos palestinianos, Yasser Arafat, lhe garantiu que ia converter o enclave numa “nova Singapura”.
Volvidas mais de três décadas, o resultado está à vista. Depois dos massacres perpetrados pelo Hamas, a 7 de outubro, já ninguém acredita que o território que acolheu civilizações milenares e onde está a Igreja de São Porfírio, a terceira mais antiga do mundo, possa ser um centro financeiro ou um destino turístico, nos tempos mais próximos.