“Eu acredito no Brasil. O Brasil tem problemas crónicos que não podem ser resolvidos por um governo só num prazo curto de um mandato, então precisa de políticos sérios, não só na Presidência, mas no Senado, na Câmara dos Deputados, em cada prefeitura, em cada governo de Estado. O problema é grave”, considera.
Em Portugal para alguns espetáculos e para promover “Antídoto Pra Todo Tipo de Veneno”, o seu primeiro álbum de originais em mais de 10 anos, Gabriel o Pensador diz que está hora da mudança.
“Vamos mudar agora. Conseguimos mudar esse ou aquele político. E é a esperança voltar totalmente. Mas sim, eu acredito que com a contribuição dos cidadãos, é isso que eu acho. Eu tento incentivar as pessoas a saberem que o seu papel também no dia-a-dia, não só nas eleições, é importante. E assim a gente pode acreditar num Brasil que vai progredir”, acrescenta.
O Brasil, sublinha, atravessou tempos que deixaram pelo caminho muitas coisas importantes.
“A questão ambiental, a questão dos indígenas. A educação, cultura, tantas e tantas áreas que foram negligenciadas e a gente precisa retomar. Mas isso também é parte de cada um de nós, não só de fazer a sua parte, mas de cobrar. Não só aplaudir o seu candidato que foi eleito, mas cobrar de todos eles, sempre em tempo integral, cobrar, acompanhar e se informar”, vinca.
Gabriel O Pensador reconhece a dificuldade, particularmente de uma parte dos brasileiros, no acesso à informação e acha que a Humanidade “está com preguiça de se aprofundar na informação”, não se abre “para buscar a informação oposta ou a contradição”.
“O problema também é que a gente deixa tudo como se as mudanças viessem só por parte dos políticos e não da nossa parte. Eu acho que o mundo muda na mudança da mente, como eu falo na música: ‘a gente muda o mundo na mudança da mente, quando a gente muda, quando a mente muda, a gente anda pra frente. Quando a gente manda, ninguém manda na gente'”, recita.
No fundo, o Brasil “precisa da higienização mental”.
“Mesmo depois de tanta guerra política entre os cidadãos comuns manipulados por políticos, que a gente já deveria saber que no Brasil a cultura dos partidos, da forma como é trabalhada a luta por votos, a gente já deveria ter um pé atrás em relação à classe política em geral”, declara.
O resultado conduz à divisão, na qual as pessoas “preferem ter razão numa briga ideológica, num combate vazio, do que entender melhor as coisas e se proteger em conjunto”, resume.
“Eu acho que somos os cidadãos que pagam seus impostos, que têm os seus direitos muitas vezes negados e são covardemente abusados pelos governantes há décadas. E do outro lado estão eles (políticos), que quando é necessário fazem alianças. Eles se protegem, se defendem. Têm lados diferentes, posições diferentes. Nem todos são da mesma laia. Mas eu acho que nós deveríamos aprender a ter mesmo um pé atrás e a buscar um caminho de entendimento”, continua.
Passadas as eleições, que levaram Lula da Silva novamente à Presidência e apearam Jair Bolsonaro do poder, Gabriel O Pensador afirma que “ainda tem resquícios de fanatismo político que a gente pode limpar um pouco mais”.
EL // MLL