Começou esta segunda-feira a entrega dos Prémios Nobel em Estocolmo, Suécia. Até dia 9, o Comité Nobel norueguês irá anunciar os vencedores das áreas da Medicina (que pode ver já aqui), Física, Química, Literatura, Paz e Economia.
Receber uma destas distinções muitas vezes significa o auge de uma carreira. Há nomes que passam do anonimato para o estrelato, com trabalhos a serem reconhecidos e elogiados a nível mundial. Contudo a escolha dos vencedores também pode ficar envolvida em polémica. Este ano, o cosmólogo e físico britânico Martin Rees, que é ainda ex-presidente da Royal Society, fez um apelo para a mudança da “regra dos três” que foi estabelecida por Alfred Nobel em 1895.
O que é a “regra dos três” criada por Alfred Nobel?
Os estatutos da Fundação Nobel prevêm a “regra dos três”, que dita que um prémio de qualquer uma das categorias apenas pode ser entregue a, no máximo, três pessoas em simultâneo. Esta regra foi criada por Alfred Nobel e está contemplada no seu testamento, sendo por isso bem defendida pela Fundação.
A crítica de Rees
A representar a comunidade científica atual, Martin Rees alega que esta regra deixou de fazer sentido. O cientista, atualmente com 81 anos, defende que a investigação é um trabalho que requer cada vez mais colaboração e, por isso, envolve um grupo de cientistas vasto e que muitas vezes não é reconhecido por esta limitação numérica.
“Podemos estar a falar de um projeto em que várias pessoas estiveram envolvidas e eles destacam umas mas outras não. Podemos também falar de uma equipa e não ser óbvio quais são as figuras dominantes”, explicou Rees à CNN.
Para exemplificar, o cosmólogo e físico recorda que em 2017 o prémio da Física foi para Rainer Weiss, Barry Barish e Kip Thorne pela deteção de ondas gravitacionais no espaço, apesar de os principais artigos desta descoberta terem perto de mil autores. Menciona ainda o mapeamento do genoma humano, que ficou concluído em 2022, num trabalho que envolveu centenas de cientistas.
Mudança não está nos planos
Após a crítica, chega a resposta. Peter Brzezinski, secretário do comité do Prêmio Nobel de Química, assegurou que não há previsão para a mudança da “regra do três”, mas alega que as nomeações são feitas com rigor. “Quando damos início ao processo pedimos a vários especialistas de todo o mundo para escreverem relatórios em que apresentem o campo em que a descoberta foi feita, com os detalhes principais da descoberta e os nomes das pessoas que contribuíram”. afirmou. “Muitas vezes identificamos um número limitado de cientistas que contribuíram para a descoberta. Se isso não foi possível então não podemos propor a descoberta a Prémio”.