O acordo, que pôs termo a uma ofensiva militar lançada pelo Azerbaijão em Nagorno-Karabakh há 24 horas, foi negociado pela força de manutenção da paz que a Rússia mantém no território desde 2020.
“Se as forças de manutenção da paz russas propuseram um cessar-fogo, isso significa, por si só, que assumiram completamente e sem quaisquer reservas a obrigação de garantir a segurança dos arménios em Nagorno-Karabakh”, afirmou o primeiro-ministro da Arménia.
Nikol Pashinyan disse que “devem ser asseguradas todas as condições para preservar o direito dos arménios em Nagorno-Karabakh a viverem nas suas casas, nas suas terras”.
“É meu entendimento que eles [os russos] estão a assumir inteiramente a responsabilidade”, acrescentou, citado pela agência arménia Armenpress.
Pashinyan, que denunciou na terça-feira alegados apelos para um golpe de Estado na Arménia, tem sido contestado pela oposição, que o responsabilizou pela derrota militar em Nagorno-Karabakh em 2020, com milhares de mortos.
Na altura, o Azerbaijão recuperou parte do território perdido 30 anos antes para os separatistas, que proclamaram a República de Nagorno-Karabakh (ou Artsakh, o nome dado pelos arménios).
A comunidade internacional considera Nagorno-Karabakh como parte do Azerbaijão, uma antiga república soviética que se tornou independente em 1991, tal como a Arménia.
A Rússia é um parceiro tradicional da Arménia, mas as relações deterioram-se desde que Pashinyan liderou protestos antigovernamentais em 2018, e se tornou primeiro-ministro.
No início de setembro, Erevan anunciou exercícios militares conjuntos com os Estados Unidos, previstos para terminarem hoje, o que levou Moscovo a advertir para o risco de desestabilização do Cáucaso.
O secretário do Conselho de Segurança da Arménia, Armen Grigoryan, já tinha responsabilizado a Rússia pela segurança dos arménios de Nagorno-Karabakh na terça-feira, citando os termos do acordo de 2020.
“A Rússia não cumpre essa obrigação”, afirmou então Grigoryan, citado pela agência russa Interfax.
O Kremlin (presidência russa) considerou hoje infundadas as acusações da Arménia e contrapôs que o regime de Erevan reconheceu Nagorno-Karabakh como parte do Azerbaijão, um país desde sempre apoiado pela Turquia.
“Não aceitamos tais censuras contra nós, especialmente após a decisão oficial do lado arménio de reconhecer Nagorno-Karabakh como parte do Azerbaijão”, disse o porta-voz Dmitri Peskov.
Situado no sul do Cáucaso, Nagorno-Karabakh é um pequeno território montanhoso que tinha cerca de 150 mil habitantes antes da guerra de 2020, maioritariamente arménios.
Nagorno-Karabakh foi uma região autónoma da então república soviética do Azerbaijão, mas as autoridades locais anunciaram a intenção de pertencer à Arménia no processo de dissolução da União Soviética.
Estados Unidos, Rússia e França têm mediado o conflito entre a Arménia e o Azerbaijão, um exportador de petróleo para a Ásia Central e Europa.
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