Milhares de manifestantes voltaram a protestar na terça-feira no Panamá contra um contrato que prevê a extensão da exploração na maior mina de cobre da América Central.
A manifestação foi a maior até ao momento, com cerca de três mil participantes, e terminou com escaramuças contra a polícia, que usou spray de pimenta.
Anteriores protestos tinham reunido cerca de uma centena de pessoas e terminaram com confrontos violentos e feridos leves.
Sindicatos, professores, estudantes, indígenas, reformados e ambientalistas marcharam pelas principais ruas da Cidade do Panamá até chegarem ao parlamento, que está a realizar o primeiro de três debates sobre o contrato com a empresa Minera Panamá.
Em março passado, o Governo e a empresa, uma subsidiária da mineradora canadiana First Quantum Minerals, chegaram a acordo sobre um contrato de concessão, prorrogável por 20 anos, para a exploração da mina Cobre Panamá.
Os manifestantes exigem ao Presidente Laurentino Cortizo, a quem acusam de “vender o país”, que interrompa o debate sobre o contrato na Assembleia Nacional e encerre a mina.
“O único contrato que pode ser viável ali é aquele que visa o seu desmantelamento, o seu encerramento, com as medidas adequadas em vigor”, disse à agência de notícias EFE Lilian Guevara.
A ativista do movimento “Panamá vale mais sem mineração” explicou que a área onde está localizada a mina é uma “área de altíssima biodiversidade” porque é “o Corredor Biológico Mesoamericano, (que) não suportará mais 60 anos de mineração”.
O secretário-geral do Sindicato Único Nacional dos Trabalhadores da Construção e Similares, Saúl Mendéz, disse à EFE que “a solução imediata é que primeiro deve haver uma moratória mineira e, segundo, deve ser aberto um amplo debate sobre este tópico”.
O Governo submeteu o contrato com a Minera Panamá a uma consulta pública não vinculativa, que defendeu ser justa para ambas as partes, depois de mais de um ano de negociações, enquanto os ambientalistas chamaram o processo de “ferida mortal” para o país.
O parlamento, que só pode aprovar ou rejeitar, não modificar a contrato, vai continuar hoje e quinta-feira o primeiro debate nas zonas envolventes à mina, nos distritos de Omar Torrijos e La Pintada, discussões que não serão transmitidas publicamente.
Se aprovado neste primeiro debate, o contrato terá ainda de sobreviver a mais duas discussões no parlamento e obter a ratificação do presidente do Panamá antes de entrar em vigor.
A Cobre Panamá começou a exportar minério em Junho de 2019 e conta com um investimento de cerca de 10 mil milhões de dólares (9,3 mil milhões de euros), segundo o Governo e a empresa, além de 5.279 trabalhadores diretos e cerca de 40 mil indiretos.
O contrato estabelece receitas mínimas de 375 milhões de dólares (350 milhões de euros) para os cofres do Estado.
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