“Tomemos, por exemplo, a iniciativa tomada por alguns Estados africanos para resolver a crise ucraniana. É um problema sério e não podemos ignorá-lo”, disse Putin a vários altos funcionários africanos.
“Isto significa muito, porque antes as missões de mediação eram monopolizadas por países com as chamadas democracias avançadas. Agora, África também está disposta a ajudar a resolver problemas que parecem estar fora da sua área de interesse prioritário”, afirmou.
“Respeitamos as vossas iniciativas e estamos a estudá-las cuidadosamente”, acrescentou Putin, citado pela agência francesa AFP.
A cimeira Rússia-África realiza-se mais de uma semana após ter expirado o acordo que permitia a exportação de cereais ucranianos através do Mar Negro, causando preocupação entre os países africanos.
Em meados de junho, uma delegação africana deslocou-se à Ucrânia e depois à Rússia para oferecer mediação no conflito ucraniano, mas sem obter resultados imediatos.
A Ucrânia rejeitou a oferta africana, argumentando que esta congelaria o conflito sem garantir a saída das tropas russas.
O Kremlin (Presidência russa) descreveu o plano africano como “muito difícil de implementar”, mas disse na altura que Putin tinha “mostrado interesse em examiná-lo”.
As propostas de paz africanas incluíam o desanuviamento de ambos os lados, o reconhecimento da soberania dos países, tal como reconhecido pela ONU, e garantias de segurança para todas as partes.
Kiev exige a retirada das tropas russas do seu território, incluindo da Crimeia, ocupada desde 2014, como condição para eventuais conversações que possam conduzir ao fim da guerra iniciada com a invasão russa de 24 de fevereiro de 2022.
Moscovo tem respondido que as autoridades de Kiev têm de se adaptar às novas realidades, numa referência à integração não reconhecida das regiões ucranianas de Kherson, Zaporijia, Donetsk e Lugansk, além da península da Crimeia, na Federação Russa.
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