“Não há motivo de preocupação e os exercícios vão decorrer longe das águas territoriais do nosso país. Apesar de essas ações não representarem uma violação formal das normas legais internacionais, não se consideram boas práticas”, indicou à agência noticiosa Efe uma porta-voz ministerial, para acrescentar que o país e seus aliados “prosseguem as suas atividades regulares de vigilância reforçada na zona de responsabilidade da NATO”.
A informação surgiu na sequência de um comunicado da aliança miliar ocidental no qual se assinala que “a nova área de advertência da Rússia no Mar Negro, no interior da zona económica exclusiva da Bulgária, criou novos riscos de erros de cálculo e escalada, assim como sérios impedimentos à liberdade de navegação”.
A NATO condenou o comportamento “perigoso” da Rússia no Mar Negro e as tentativas russas de bloquear as exportações de cereais da Ucrânia, após a retirada de Moscovo na semana passada do acordo alcançado no verão de 2022 que permitia à Ucrânia exportar cereais a partir dos seus portos.
Na perspetiva do vice-ministro da Defesa búlgaro, Atanas Zapryanov, estas manobras inserem-se nas tentativas da Rússia de bloquear as exportações de cereais da Ucrânia.
Em declarações aos ´media’, Zapryanov acrescentou que a parte russa não especificou a duração dos exercícios.
Diversos países e organizações internacionais, incluindo as Nações Unidas e a União Europeia (UE), condenaram a decisão de Moscovo, lamentando o recuo russo face à prorrogação da Iniciativa dos Cereais do Mar Negro e alertando para as graves consequências junto de países com dificuldades de acesso a bens alimentares.
A Iniciativa dos Cereais do Mar Negro, acordada há um ano pela Rússia, Ucrânia, Turquia e Nações Unidas, permitiu a exportação de quase 33 milhões de toneladas de alimentos de três portos no sul ucraniano, considerados cruciais para a descida dos preços globais e segurança alimentar nos países mais desprotegidos.
As autoridades russas fizeram saber que só voltam ao protocolo se as suas condições forem atendidas, nomeadamente o comércio dos seus próprios produtos agrícolas, prejudicado, segundo frisam, pelas sanções ocidentais.
Na segunda-feira, o Presidente romeno, Klaus Iohannis, denunciou “os graves riscos de segurança no Mar Negro”, depois de a Rússia ter bombardeado infraestruturas portuárias no Danúbio, na fronteira da Roménia e da Moldova.
“Condeno veementemente os recentes ataques russos contra infraestruturas civis ucranianas no Danúbio, muito perto da Roménia”, escreveu Iohannis na sua conta na rede social Twitter.
Horas antes, as autoridades ucranianas relataram um ataque por ‘drones’ russos contra as infraestruturas portuárias na região de Odessa, no sul do país.
“Esta recente escalada também afeta o trânsito de cereais ucranianos e, portanto, a segurança alimentar global”, disse Iohannis.
A região de Odessa — que é uma zona estratégica para as exportações ucranianas – é regularmente alvo de ataques russos.
PCR (RJP) // PDF