David Lochridge foi diretor de operações e piloto da OceanGate até ser despedido, em 2018, depois de mostrar as suas dúvidas em relação ao protocolo de testes da empresa, face a “vários aspeto críticos que se mostraram defeituosos ou não testados”. Entre as preocupações na altura manifestadas estava o casco revestido a fibra de carbono do Titan, que, agora, alguns especialistas apontam como origem da tragédia que vitimou os cinco tripulantes, no mês passado.
Pouco depois da saída de Lochridge , um especialista em exploração em águas profundas, Rob McCallum, enviou-lhe um email a perguntar como é que o CEO, Stockton Rush, estava a lidar com a sua saída da companhia.”Tu eras a estrela e o único que lhe dava um bocadinho de confiança”, escreveu Mccallum a Lochridge, de acordo com a troca de emails a que a revista americana The New Yorker teve acesso.
Na resposta, entre comentários sobre o ex-chefe, a garantia: “Aquele submersível não é seguro para mergulhar.” E mesmo quando interpelado sobre se seria possível torná-lo seguro, Lochridge manteve a convicção que não.
“Não quero ser visto como um delator, mas tenho tanto medo que ele se mate, a ele e a outros, na busca por impulsionar o seu ego”, escreveu Lochridge, referindo-se a Rush. “Eu diria que sou bastante corajoso no que toca a fazer coisas perigosas, mas aquele submersível é um acidente à espera de acontecer”, lê-se ainda, segundo a New Yorker. “Não há nada que me pudessem pagar para eu mergulhar a coisa”, conclui o ex-responsável da OceanGate.
O Titan perdeu contacto com o navio de apoio cerca de uma hora e 45 minutos depois de ter submergido, rumo aos destroços do Titanic, a 18 de junho. Só dias depois chegou a confirmação de que o aparelho tinha sofrido uma “implosão catastrófica”, provocando a morte às cinco pessoas a bordo.