A Rússia criou o “Movimento Russófilo Internacional”, organização com membros fora do país, que apoiam e se identificam com as políticas russas. Na última terça-feira, dia do lançamento do movimento, foram vários os que apareceram no salão do Museu Estatal Pushkin, em Moscovo, com o objetivo de mostrarem que estão do lado de Putin. Além disso, segundo os promotores, os membros querem derrubar “a impressão criada pela propaganda estrangeira que existem apenas inimigos russos no mundo”.
A principal estrela foi o ator americano Steven Seagal, que foi nomeado como representante especial para os laços culturais Rússia-EUA. “Eu sou um milhão por cento russófilo e um milhão por cento russo”, declarou o ator, que tem ascendência russa, na conferência de imprensa do evento.
Seagal também acusou os EUA de gastarem “milhões de dólares em desinformação, mentiras”, no que classifica como uma tentativa de “desacreditar, desmoralizar e destruir a moral emergente da Rússia”.
No mesmo local esteve Pierre de Gaulle, neto do general francês Charles de Gaulle. “Eu estou aqui para promover a paz e a amizade e acredito que este conflito foi provocado e causado por interesses anglo-saxónicos… Acho que está a colocar o mundo em perigo profundo e eu estou aqui para lutar contra isso”, afirmou ao Guardian.
“O meu avô tinha um conhecimento muito profundo e intenso sobre os líderes e o povo russo também. Portanto, ele estava bastante ciente do interesse e da necessidade geográfica de a Europa e a França se aliarem à Rússia”, declarou Pierre de Gaulle. “Cada vez mais pessoas estão a aperceber-se de que este conflito foi criado para partir o bloco único da Europa, em benefício dos americanos”.
No evento estiveram mais de 120 personalidades de 46 países diferentes, mas no palco destacou-se ainda a presença da princesa Vittoria Alliata di Villafranca, de 70 anos, também autora, tradutora e aristocrata italiana. No seu discurso, classificou a “russofobia” como uma das “muitas versões de colonização”. Explicando que a sua cidade natal, Sicília, é hoje conhecida apenas pela máfia “trazida pelos americanos”, durante a Segunda Guerra Mundial, a princesa alega que este foi um pretexto para a expansão da influência de Washington. “Foi a primeira Ísis”, menciona.
Questionada sobre como chegou à conferência de russófilos, Vittoria mencionou os laços com a família real russa. “Sou prima dos Romanov”, disse ela, referindo-se aos descendentes da última família real do império russo. “Eu conheço-os muito bem, vim ao casamento.”
Sergei Lavrov, o ministro das Relações Exteriores da Rússia, também esteve presente. “Não estamos a assistir apenas o neonazismo, estamos a assistir ao nazismo em direto, que está a cobrir cada vez mais países europeus”, disse Lavrov. “Vemos como a história está a ser destruída diante dos nossos olhos, monumentos sagrados estão a ser destruídos.”
“Apreciamos muito a firme determinação de se opor à campanha russofóbica e o desejo de desenvolver o diálogo e a cooperação humanitária mutuamente benéfica”, disse o líder do Kremlin na sua mensagem aos participantes.