Elon Musk não é exatamente conhecido pelo seu sentido de humor. No entanto, no último domingo, 12, o visionário e polémico magnata, que é dono do Twitter, da Tesla e da SpaceX, escreveu uma mensagem especial, ilustrada com um marciano e um objeto voador não identificado (ovni): “Não se preocupem, alguns dos meus amigos estão apenas de passagem.” Lido por quase 94 milhões de pessoas, tratou-se de um comentário de Musk sobre a histeria mediática suscitada pelos misteriosos artefactos que, desde o início do mês, têm sobrevoado os céus do continente americano. As redes sociais estão repletas de teorias mais ou menos conspirativas sobre o assunto, com o Google Trends a confirmar que é um dos principais tópicos de discussão online. As declarações de Glen VanHerck, o general que tutela o Comando de Defesa Aeroespacial da América do Norte (NORAD, que inclui o Canadá), também não ajudaram. Ao ser interrogado sobre a possibilidade de vida extraterrestre ter alguma coisa que ver com os objetos de natureza desconhecida abatidos por caças dos EUA, respondeu sem hesitar: “Vou deixar que os serviços de informações averiguem. Não descarto nada!”
Para as especulações não assumirem proporções demasiado graves e absurdas, John Kirby, porta-voz do Conselho Nacional de Segurança, viu-se obrigado a dar uma conferência de imprensa na Casa Branca, na qual assumiu o papel de desmancha-prazeres. “Não creio que as pessoas tenham de preocupar-se com seres alienígenas”, referiu o histriónico almirante aposentado, que voltou a falar no “extenso” programa de vigilância global desenvolvido pela República Popular da China, através de balões que monitorizam o que se passa em mais de 40 países, nos cinco continentes. A Administração liderada pelo Presidente Joe Biden tenta agora, na medida do possível, contrariar as narrativas mais rocambolescas, incluindo a de que está paralisada por intervenção marciana ou a de que ela própria criou este ambiente de dúvidas celestiais para desviar as atenções de um grave acidente químico, no Ohio, resultante de um descarrilamento ferroviário – que efetivamente ocorreu no início do mês e cujos efeitos ainda se fazem sentir numa pequena cidade chamada East Palestine.