Por exemplo, o restaurante “Docas”, nas imediações do Porto Grande, cidade do Mindelo, precisamente onde toda a azáfama da Ocean Race se fará sentir de 20 a 25 de janeiro, na escala da prova em Cabo Verde, antecipou as férias dos funcionários.
“Costuma ser um mês mais tranquilo e por isso costumamos dar férias aos funcionários na segunda quinzena de janeiro. Desta vez tiveram férias no início do mês”, explicou à Lusa a gerente Romilda Gomes, que também se viu obrigada a alterar os horários de funcionamento do espaço, que vai passar a funcionar todo o dia.
Situado na Baía do Porto Grande, o espaço pretende apresentar aos visitantes um menu ligado ao mar e as expetativas sobre a afluência são grandes: “É algo novo e temos muitas expetativas, que aumente o nosso volume de negócio, porque como sabemos, janeiro é um mês mais fraco e esperamos desta vez uma grande afluência de pessoas. Sabemos que o público nesta altura irá preferir mais peixes e mariscos e neste sentido estamos a preparar o nosso estoque para a sua chegada”.
O Governo cabo-verdiano está a instalar uma Ocean Race Village no Mindelo, com a construção de instalações para atracagem e acolhimento da Ocean Race durante cinco dias, este mês, enquanto espera na ilha cerca de 5.000 visitantes.
A estrutura pretende criar condições logísticas para receber a passagem, pela primeira vez por Cabo Verde, da 14.ª edição daquela regata, com partida prevista para 15 de janeiro de 2023 de Alicante, Espanha. Essa primeira etapa, de 1.900 milhas náuticas (3.520 quilómetros) termina na Baía do Mindelo, Cabo Verde, e a segunda, com destino à Cidade do Cabo, África do Sul, deverá iniciar-se em 25 de janeiro, depois da paragem de cinco dias em São Vicente.
No “Nautilus”, igualmente situado junto à marina do Porto Grande, os responsáveis explicaram à Lusa que as propostas, por constituírem uma ementa típica cabo-verdiana, são para manter para esta semana de forte expetativa na ilha.
“Sendo um restaurante de cozinha típica não irá fazer nenhuma variação em relação ao seu standard normal em termos de oferta de ementa ou de bebidas porque já temos uma organização bastante própria. Preferimos concentrar sobre um bom serviço e uma boa preparação do nosso menu para oferecer aos clientes que chegarão através da Ocean Race”, explicou o gerente, Luca Bolondi.
A dificuldade será aliar a casa habitualmente cheia à enchente provocada pela prova: “Desde o verão passado que estamos sempre cheios, tendo em conta que ficamos situados em frente à marina do Mindelo, praticamente à porta de entrada dos veleiros que chegam à cidade e outros turistas que frequentam a Avenida Marginal. Tem sido um momento mágico para nós”, assinalou o italiano.
Segundo a organização, estão confirmadas dez embarcações para esta edição da Ocean Race e a abertura oficial do parque que irá acolher o evento em São Vicente está marcada para 20 de janeiro e os veleiros deverão começar a chegar no dia seguinte ao Mindelo.
“Vai depender muito das condições meteorológicas e irão chegar a partir de 21 de janeiro e ficarão até ao dia 25. Durante os dias teremos diversas atrações, desde atrações culturais, visita de todas as escolas de São Vicente, liceus e universidades”, explicou o coordenador do Ocean Race Village, Ivan Santos, acrescentando que a organização está também a estudar a possibilidade de envolver escolas da ilha vizinha de Santo Antão.
Enquanto isto, o restaurante “Bom Gosto”, na rua Santo António, próximo à marginal, contava com um mês tranquilo de procura turística, mas a perspetiva sobre a prova é alta.
“Criámos eventos, alugamos apartamentos também e temos grupos que chegam da Suíça, procuramos ter sempre um menu especial com pratos vegetarianos, de carne, peixe, marisco, por isso o menu muda todos os dias”, explicou Suelma Gomes, responsável pelo restaurante e espaço de alojamento.
A competição – que chegou a estar planeada para o período de 2021/2022, mas foi adiada para 2023 devido à pandemia de covid-19 – deverá percorrer ao longo dos seis meses de competição de volta ao mundo, por cerca de 32.000 milhas náuticas (59.296 quilómetros), em categorias separadas, até terminar no verão em Génova, Itália, quando se comemoram os 50 anos desta prova, a maior e mais antiga regata à vela de volta ao mundo segundo a organização.
O primeiro-ministro cabo-verdiano, Ulisses Correia e Silva, afirmou que a passagem da Ocean Race pelo arquipélago é o “reconhecimento mundial” da “credibilidade” do país, acrescentando que é “uma oportunidade para o desenvolvimento da economia local”.
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