Todas as noites, Nahid vai para as ruas de Teerão juntar-se a outras mulheres que, desde 16 de setembro, protestam contra a violência a que estão sujeitas todos os dias. Chega de motorizada, com lenços coloridos que lhe escondem o cabelo louro e máscaras que protegem o rosto luminoso. “Já queimei o meu hijab em muitas fogueiras”, exulta esta fotógrafa de 30 anos, numa troca de mensagens com a VISÃO, por WhatsApp. “Vi amigos serem feridos e desconhecidos serem mortos. A polícia de choque ataca-nos com gases de pimenta e lacrimogéneo, bastões e balas reais.”
Seja na longa avenida Valiasr, que antes se chamava Pahlavi, ou na Praça Ferdowsi, tributo ao poeta que, com Shahmaneh (Livro dos Reis), salvou a língua, a história e a mitologia dos persas, “estamos num campo de batalha e não há abrigos onde nos possamos esconder”, acrescenta Nahid. “Os hospitais recusam muitos do que lá chegam pedindo socorro.”