Numa declaração conjunta com o antigo presidente da Tanzânia Jakaya Kikwete, os dois antigos chefes de Estado, que foram convidados para assistir às eleições gerais em Angola na qualidade de observadores internacionais, salientam que a votação foi conduzida “de forma livre, justa e transparente”.
Elogiam os agentes eleitorais e representantes dos partidos políticos, sublinhando que o povo angolano “mostrou ao mundo um bom exemplo de como fortalecer a democracia através de uma eleição conduzida com sucesso”.
“Podemos afirmar com segurança que Angola está no caminho certo para a consolidação da democracia”, afirmam os dois ex-líderes, na declaração conjunta hoje lida em Luanda por Joaquim Chissano.
Os antigos chefes de Estado felicitam também a Comissão Nacional Eleitoral pelo profissionalismo e rápida contagem dos votos e divulgação dos resultados provisórios, pedindo aos candidatos insatisfeitos que reclamem por vias legais.
“À medida que esses recursos são dirimidos pelo quadro institucional relevante, apelamos aos líderes políticos e ao povo angolano para que mantenham a calma, a paz e a estabilidade no país”, referem na declaração.
“O povo angolano teve a oportunidade de eleger livremente os líderes da sua escolha. É nossa expectativa que quaisquer processos pós-eleitorais subsequentes respeitem, defendam e reflitam a vontade do povo de Angola, tal como expressa nas urnas”, salientam no mesmo documento.
Destacam que as partes interessadas concederam “toda a cooperação necessária”, tendo mantido encontros com outros observadores e intervenientes do processo eleitoral, nomeadamente candidatos do partido do poder (MPLA) e da oposição (UNITA e CASA-CE), que apontaram duas preocupações: a cobertura mediática “injusta e desequilibrada” e a fiabilidade da lista de eleitores.
Os dois observadores visitaram três assembleias de voto e um total de dez mesas na ilha de Luanda, bairro dos Coqueiros e Sambizanga, registando que os procedimentos de abertura e encerramento foram cumpridos e os oficiais das mesas de voto desempenharam as suas funções de forma profissional, com o processo de votação a decorrer “de forma fácil e rápida”.
Segundo dados divulgados pela Comissão Nacional Eleitoral (CNE), quando estavam escrutinados 97,03% dos votos das eleições realizadas na passada quarta-feira, o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA, no poder desde 1975) obteve 3.162.801 votos, menos um milhão de boletins escrutinados do que em 2017, quando obteve 4.115.302 votos.
Já a União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) registou uma grande subida, elegendo deputados em 17 das 18 províncias e obtendo uma vitória histórica em Luanda, a maior província do país, conseguindo até ao momento 2.727.885 votos, enquanto em 2017 obteve 1.800.860 boletins favoráveis.
Na Assembleia Nacional de Angola, a Convergência Ampla de Salvação de Angola – Coligação Eleitoral (CASA-CE) desaparece do hemiciclo depois da saída do seu líder, Abel Chivukuvuku, para as listas da UNITA, onde concorria a vice-presidente.
Em 2017, a CASA-CE havia obtido 16 mandatos (com 639.789 votos) e agora obteve apenas 46.750 boletins com a cruz no partido.
Nos partidos mais pequenos, o Partido da Renovação Social (PRS) desceu ligeiramente (70.398 votos contra em 80.763 em 2017) e manteve os dois assentos. Já a Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA) subiu quatro mil votos, obtendo 65.223 boletins, que lhe permitiram subir para dois lugares.
A surpresa entre as formações mais pequenas foi o Partido Humanista de Angola (PHA), de Bela Malaquias, que teve 63.003 votos e conseguiu eleger dois mandatos na sua primeira corrida eleitoral.
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