O Conselho Soberano, controlado exclusivamente pelos militares desde o golpe de outubro passado, não intervirá no diálogo com os partidos políticos para lhes dar a oportunidade de formar um Governo civil, disse Al-Burhan, que preside ao conselho, num discurso transmitido pela televisão.
“Após a formação do novo Governo, o Conselho Soberano será dissolvido e formaremos um Conselho Supremo das Forças Armadas que será responsável pelas tarefas de segurança e defesa”, acrescentou.
O anúncio coincidiu com protestos de centenas de sudaneses, pelo quinto dia consecutivo, em Cartum e subúrbios, para exigir a saída dos militares do poder e denunciar a repressão que já matou 114 pessoas.
O Conselho Soberano, a autoridade máxima da transição no Sudão, foi formado em 2019, na sequência da “revolução” que levou ao derrube do ditador Omar al-Bashir, que estava no poder há 30 anos.
No processo, foi formado um Governo de transição com civis e militares, liderado pelo economista Abdallah Hamdok, mas em 25 de outubro de 2021 o golpe do general Al-Burhan pôs fim à frágil divisão do poder.
Os civis foram então excluídos do Conselho Soberano e o Governo e o poder foram monopolizados pelos militares e seus aliados paramilitares ou ex-rebeldes armados.
Desde então, grupos pró-democracia manifestam-se semanalmente e os protestos, que haviam perdido intensidade há vários meses, parecem voltar a ganhar o vigor anterior após a morte de nove manifestantes na quinta-feira.
Desde o golpe, 114 pessoas foram mortas e centenas ficaram feridas na repressão.
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