Com duas propostas que se complementam, o artista de 67 anos continua o desejo de tornar a sua arte mais impactante e espetacular, com o seu projeto “Jeff Koons: Apollo”, inagurado esta semana, a 21 de junho, na ilha grega de Hydra.
A primeira parte do projeto do escultor norte-americano envolve um regresso à Antiguidade Clássica. Koons propõe-se a dar um toque distinto às estátuas gregas e romanas, expressando, assim, o seu interesse pelas raízes da arte ocidental. O criador artístico justifica este gosto ao referir que o projeto simboliza a busca por “conexões e ressuscitar significados compartilhados”, acrescentando que adora “olhar para peças antigas”.
Esta exposição está disponível até 31 de outubro, sendo a grande atração a escultura colorida do Deus Apolo a tocar um instrumento (kithara, um descendente do violão). A estátua foi inspirada numa escultura do período Helenístico. Para Koons, embora tivesse várias funções, Apolo tinha o dom da profecia. “Pode ser muito, muito gentil ou extremamente violento”, refere.
De acordo com o artista, os visitantes deste projeto são recebidos por “um enorme cata-vento que tem dois lados, com uma superfície dourada”. Atores, animais vivos e esculturas também estão presentes na receção da exposição. À volta da estátua existem paredes que parecem reproduzir as pinturas murais de uma vila romana perto de Pompeia, do século I a.C.
Arte na Lua
A segunda ideia do artista vai além da Terra, literalmente. O objetivo é enviar as obras de arte para a Lua, representando uma comemoração da conquista humana. Inovador e ambicioso, o projeto explora a imaginação tecnológica e oferece uma profunda reflexão e contemplação do lugar dos seres humanos no vasto universo.
Vai ser um módulo lunar, transportado por um foguete da SpaceX, fundada por Elon Musk, que levará para a Lua uma caixa de pequenas esculturas, tornando-os as primeiras obras de arte autorizadas no nosso satélite natural.
O lançamento está programado para o final do outono e o projeto faz parte do Jeff Koons: Moon Phases, constituído por três partes, que inclui também esculturas para os colecionadores terem em casa. A novidade são os NFT’s, o meio digital que obcecou o mundo da arte nos últimos anos. Cada peça possui um trabalho digital único e esculturas físicas correspondentes
Em declarações no seu estúdio principal no West Side de Manhattan, em maio deste ano, Koons explicou que cada obra de arte sua “é realmente concebida e, de alguma forma executada, através da tecnologia digital, e tem sido assim há décadas”. Além disso, o artista referiu que “queria criar um projeto NFT historicamente significativo enraizado no pensamento humanista e filosófico” e que “as explorações espaciais deram-nos uma perspetiva da nossa capacidade de transcender as restrições mundanas”, ideias “centrais” para este seu projeto.
Jack Fischer, ex-astronauta da NASA e atual vice-presidente da Intuitive Machines, referiu que “as esculturas de Koons, documentadas pelos NFT’s e alojadas num cubo de arte fechado transparente, termicamente revestido e construído de forma sustentável, serão as primeiras obras de arte autorizadas a serem colocadas na superfície da Lua, onde permanecerão para sempre”.
O ambicioso projeto do artista foi anunciado nesta primavera pela Pace Verso em parceria com a NFMoon, empresa especializada em artes digitais, e a 4Space, envolvida com a NASA e a Intuitive Machines. A ideia de enviar os projetos de Koons para a Lua surgiu devido à capacidade do artista em unir arte e ciência.
Marc Glimcher, presidente e CEO da Pace Verso, confessa que a empresa está motivada com esta iniciativa. “Como um defensor de longa data das ideias inovadoras dos artistas, a Pace está entusiasmada em apresentar o primeiro projeto NFT de Jeff Koons, que é um dos empreendimentos mais ambiciosos e importantes que a galeria já apresentou”.
As esculturas lunares, segundo o NY Times, estão programadas para serem lançadas ainda este ano, no foguete SpaceX Falcon 9 do Centro Espacial Kennedy; as esculturas terrestres têm uma pequena pedra preciosa que indicará o sítio exato onde as miniaturas foram deixadas na Lua.
Para o artista sonhador, este projeto é uma continuação do que tem vindo a fazer até aqui. “O meu trabalho é sobre aspiração, transcendência, tornar-se e autoaceitação”, afirmou Jeffs Koons.