George Soros, judeu de origem húngara, multimilionário dono do Soros Fund Management, filantropo fundador das Open Society Foundations (OSF), com presença em mais de uma centena de países, está a poucas semanas de celebrar 92 anos de vida. Aquele que é também o 92º homem mais rico da América, com uma fortuna avaliada pela revista Forbes em 8,6 mil milhões de dólares (cerca de €7,5 mil milhões), poderia ser retratado como um sábio e respeitado ancião de cabelos brancos. Em vez disso, é apresentado como um vilão inspirador de teorias da conspiração, associadas à sua condição de judeu rico e poderoso. A invasão da Ucrânia é apenas a última das narrativas envolvendo a sua figura.
O magnata, que fundou a OSF para apoiar financeiramente a construção das democracias liberais, já terá doado cerca de 32 mil milhões de dólares (€30 mil milhões) à sua rede filantrópica e é assumidamente um dos grandes financiadores do Partido Democrata norte-americano. Mas é também acusado de puxar os cordéis nos bastidores da alta finança e da alta política mundiais, ao abrigo de um plano secreto para destruir certos países (como a Rússia e a China), embora ninguém pareça ter certezas de que esse objetivo será atingido.
Soros e os outros
Polémico como poucos, as suas ideias liberais continuam a provocar reações epidérmicas não só à direita nacionalista mas também à esquerda não liberal europeia
Criei uma fundação na Ucrânia antes de esta se tornar independente da Rússia. A fundação funciona desde então e tem desempenhado um papel importante nos recentes acontecimentos
CNN, 25/05/2014, sobre o protesto na Praça Maidan
A invasão [da Ucrânia] pode ter sido o início da III Guerra Mundial, e a nossa civilização pode não sobreviver a isso (…). A melhor, e talvez única, forma de preservar a nossa civilização é derrotar Putin o mais rápido possível
World Economic Forum, Davos, 22/05/2022
Não me digam que sou antissemita, porque me oponho a ele. Soros dificilmente é um judeu. Sou mais judeu do que Soros (…). Ele não pertence a uma sinagoga, ele não apoia Israel, ele é um inimigo de Israel
Rudy Giuliani, católico, ex-conselheiro de Donald Trump,
New York Magazine, dezembro 2019

No mundo da filantropia, George Soros é tão bom quanto possível. Mas permitir que plutocratas, mesmo progressistas, decidam o que é melhor para o resto de nós é fundamentalmente injusto e antidemocrático
Daniel Bessner, professor universitário, Jacobin, 01/08/2020
Quando dependemos dos ricos para a transformação social, a transformação social nunca ocorre
Daniel Bessner, Jacobin, 01/08/2020
A ideia de Soros [de nacionalizar os bancos] equivale ao socialismo e nunca será aceite nos EUA
Larry Summers, ex-conselheiro da Casa Branca sobre a crise financeira de 2008
Xi Jinping, líder da China, chocou com a realidade económica. A repressão à iniciativa privada tem sido um empecilho significativo para a economia. O setor mais vulnerável é o imobiliário, particularmente a habitação. A China desfrutou de um boom imobiliário prolongado nas últimas duas décadas, mas isso está a chegar ao fim. A Evergrande, a maior empresa imobiliária, está superendividada e em risco de falência
Financial Times, 08/09/2021. A Evergrande entrou em incumprimento em dezembro último
Quando olho para as pessoas, movimentos ou países que estão a atacar-me, sinto que devo estar a fazer algo de correto. Tenho orgulho nos inimigos que tenho
The Guardian, 02/11/2019, falando da sua campanha contra o Brexit
O meu sucesso nos mercados financeiros deu-me um maior grau de independência do que a maioria das outras pessoas tem. Isso permite-me tomar posição sobre questões controversas. Na verdade, obriga-me a fazê-lo
Fortune, lista das maiores fortunas 2022