Publicado primeira vez no jornal Advanced Functional Materials, o estudo introduz uma nova descoberta: “robôs magnéticos de corpo mole em miniatura permitem um acesso não invasivo a espaços restritos e fornecem soluções ideais para cirurgia minimamente invasiva, micromanipulação e administração direcionada de medicamento”. A proximidade do seu lançamento ao dia 1 de abril, conhecido como o dia das mentiras, pode ter levantado algumas suspeitas, mas o cocriador do robô, o professor Li Zhang, da Universidade de Hong Kong, garantiu que não só a descoberta é real como já existem muitas ideias para o seu uso.
O novo robô é feito de uma mistura de um polímero conhecido como álcool polivinílico, muito encontrado em produtos de limpeza, e imanes de neodímio. As suas propriedades permitem-lhe alterar facilmente a sua forma, tornando-o, consequentemente, capaz de passar por aberturas estreitas de apenas alguns milímetros (até 1,5 mm) ou rodear todo um objeto, transportando-o no seu interior. As “capacidades de deformação significativas” do robô feito de slime magnético permite que o mesmo se reorganize em formatos de “O” ou “C”
Estas propriedades tornam a nova descoberta muito promissora para futuros usos no campo da medicina, nomeadamente no sistema digestivo, onde pode, por exemplo, ajudar na redução dos danos que podem resultar da ingestão de uma bateria. “Para evitar o vazamento de eletrólitos tóxicos, talvez possamos usar este tipo de robô de slime para fazer um encapsulamento, para formar algum tipo de revestimento inerte”, explica Zhang.
Os imanes que fazem parte da sua constituição permitem ao robô ser um bom condutor elétrico, tornando-o, por isso, capaz de interligar elétrodos. Os imanes, no entanto, têm também os seus pontos negativos e é exatamente a sua presença que torna o robô tóxico para o ser humano, uma das razões pelas quais o mesmo não está ainda pronto para ser testado em contexto médico.
Por agora a nova descoberta foi revestida por uma camada de dióxido de sílico numa tentativa de a proteger de elementos tóxicos como os imanes. “A segurança também dependeria fortemente de quanto tempo seriam mantidos dentro do corpo”, explica Zhang, ou seja, da duração da intervenção médica.
A sua composição oferece ainda ao robô “propriedades viscoelásticas”, diz Zhang, o que significa que “às vezes se comporta como um sólido, às vezes se comporta como um líquido”. “Quando lhe tocas muito rapidamente, ele (o robô) comporta-se como um sólido. Quando lhe tocas suavemente e lentamente, comporta-se como um líquido”, acrescenta.
O cocriador da experiência assegurou que o aglomerado de slime magnético não tinha ainda autonomia, mas “o objetivo final é implantá-lo como um robô”. Antes disso, no entanto, é necessário desenvolver aquela que considera ainda uma “pesquisa fundamental”, de modo a tentar “perceber as suas propriedades materiais”.
“O robô de slime proposto implementa várias funções, incluindo agarrar objetos sólidos, engolir e transportar coisas nocivas, monitorização do movimento humano e comutação e reparo de circuitos. Este estudo propõe o projeto de novos robôs de corpo mole e aprimora as suas aplicações futuras em campos biomédicos, eletrônicos e outros” escreve o estudo.