Em julho de 1945, nove semanas depois de as tropas de Adolf Hitler se darem por derrotadas, os “três grandes” vencedores da Segunda Guerra Mundial reuniram-se num palacete em Potsdam, a 25 quilómetros de Berlim, para decidirem o futuro da Europa. De acordo com as atas do encontro, um dos grandes momentos da conferência deu-se quando o primeiro-ministro do Reino Unido, Winston Churchill, lançou uma questão prática aos seus interlocutores: “Estamos a falar sobre a Alemanha, mas o que significa agora a Alemanha?” O Presidente dos Estados Unidos da América, Harry Truman, como não se quis comprometer, virou-se para o líder da União Soviética, José Estaline, e perguntou-lhe o pensava sobre o assunto. A resposta foi categórica: “A Alemanha é um conceito geográfico. Vamos definir as fronteiras ocidentais da Polónia e teremos uma resposta clara para a questão alemã.”
O dirigente comunista, profundo conhecedor da história do Velho Continente, já tinha muito bem delineados os seus planos para o pós-guerra, tal como ficara demonstrado em Yalta, na Crimeia, em fevereiro desse mesmo ano, quando os aliados definiram as respetivas “esferas de influência” logo que o regime nazi caísse. O homem que mandava em Moscovo considerava que o seu país fizera um enorme sacrifício para vergar as tropas hitlerianas e tinha todo o direito de recuperar territórios que já lhe tinham pertencido num passado recente. Isto é, Estaline, o revolucionário marxista-leninista, exigia aos seus pares apoderar-se de regiões que faziam parte do antigo império czarista (1547-1917): “Quem ocupa um território também lhe impõe o seu próprio sistema social. Todos impõem os seus sistemas até ao alcance dos seus exércitos.”