O Conselho Central do Ensino Secundário (CBSE) da Índia foi alvo de críticas, devido a um exame nacional que continha uma pergunta classificada como “manifestamente misógina” pela líder do partido da oposição. Entretanto o Conselho pediu desculpa pelo sucedido e os alunos terão a pontuação máxima nessa secção do exame.
A passagem aparecia na parte de compreensão de leitura de um exame de inglês dirigido a alunos com idades entre os 15 e os 16 anos. Continha frases como: “a emancipação da mulher destruiu a autoridade dos pais sobre os filhos” e “só aceitando as ordens do marido é que uma mãe pode ganhar obediência sobre os mais novos”.
O texto controverso, que foi partilhado nas redes sociais após o exame, originou protesto entre pais e alunos, e foi também criticado por políticos no país.
Priyanka Gandhi Vadra, secretária-geral do partido do Congresso Nacional Indiano, expressou no Twitter o seu desagrado quanto à questão. “Inacreditável! Estamos realmente a ensinar às crianças este disparate?”, escreveu. “É evidente que o Governo do BJP [Partido do Povo Indiano (Bharatiya Janata Party)] apoia estas opiniões retrógradas sobre as mulheres, porque outra razão figurariam no currículo do CBSE?”
Sonia Gandhi, presidente do partido, também criticou a questão numa sessão parlamentar.
“Levanto fortes objeções a material tão flagrantemente misógino”, disse. “Reflete extremamente mal os padrões de educação e avaliação, e vai contra todas as normas e princípios de uma sociedade progressista e fortalecida”.
Depois da chuva de críticas, o CBSE garantiu que iria anular a passagem em questão e atribuir aos alunos a pontuação máxima na secção que compreendia a passagem.
Na segunda-feira, o CBSE afirmou, em comunicado que a questão não cumpria as “diretrizes do conselho”, acrescentando que estava “empenhado na equidade e na excelência na educação”, e que “lamenta este infeliz incidente”.
O Conselho garantiu ainda que iria criar um comité especializado para rever e reforçar o processo de definição de questões no futuro.
Não é a primeira vez que os exames nacionais são alvo de controvérsia. Este mês, O CBSE também pediu desculpas e retirou uma passagem de um exame sobre os motins em Gujarate, em 2002, por abordar questões que “podem ferir os sentimentos das pessoas com base em escolhas sociais e políticas”.