Quando se fala de pandemia, todos querem saber o mesmo: quando chegará ao fim? Chega agora mais uma teoria, desta vez do virologista alemão Christian Drosten, diretor do Instituto de Virologia do Hospital Charité de Berlim. Em declarações ao jornal alemão Der Spiegel, falou sobre as suas previsões para o futuro da pandemia na Alemanha e não só.
O especialista defende que não é possível definir uma data específica para o fim da pandemia a nível global, mas que este irá antes chegar em alturas diferentes para cada país e região, em função dos dados da vacinação. Mas está convicto de que, em países como Portugal e Espanha, a pandemia possa “finalmente ficar para trás na Primavera” de 2022.
O fator-chave que permite identificar esta data é o sucesso da campanha de vacinação: 87% da população portuguesa já está totalmente vacinada contra a Covid-19, numa altura em que a Direção Geral de Saúde definiu 19 de dezembro como uma meta para que toda a população elegível com 65 anos ou mais tenha recebido a dose de reforço. Também os profissionais de saúde, os profissionais do setor social e bombeiros envolvidos no transporte de doentes iniciam em breve o processo de vacinação com a terceira dose.
A chave é vacinar, vacinar, vacinar
A Alemanha, pelo contrário, explica Drosten, ainda está “a quilómetros de distância” de ver o fim da pandemia. O país atingiu um novo pico de infeções esta semana – 33.489 casos foram registados em 24 horas.
“Com a variante Delta em força total, os hospitais ficarão rapidamente sobrecarregados”, afirma Drosten. “Temos de fazer a transição lenta e cuidadosamente para a fase endémica sem que o nosso sistema de saúde entre em colapso devido a exigências excessivas e levando a taxas de mortalidade como na Grã-Bretanha”.
A fase endémica, como é explicado no Der Spiegel, ocorre “quando a imunidade da população é tão elevada que só há surtos regionalmente limitados que não sobrecarregam o sistema de saúde”.
Para combater a onda de infeções na Alemanha, e em vários países da Europa, Drosten recomenda três medidas: o encerramento de alguns setores, continuar a administrar as doses de reforço e tentar ao máximo fechar as lacunas na vacinação. Para o virologista, são as taxas de vacinação baixas e a fraca adesão da população ao programa vacinal os culpados pela elevada incidência de casos. Apela ainda ao “empenho responsável” dos cidadãos, para que restrinjam conscientemente a sua rede de contactos de forma a impedir a propagação do vírus.