Em Zagreb, os manifestantes, a maioria dos quais sem máscaras, agitaram bandeiras croatas e cantaram canções patrióticas, marchando atrás de faixas de um pano onde se lia: “Vidas não nascidas também importam”, inspirado no ‘slogan’ norte-americano “black lives matter”.
“É nosso dever defender a proteção de toda a vida humana, incluindo a de crianças em gestação”, declarou Luka Hudincec, um dos organizadores do comício em Zagreb.
Grupos políticos de esquerda e movimentos feministas manifestaram a sua oposição ao protesto antiaborto, vestindo aventais manchados de sangue e exibindo instrumentos alusivos à forma como se fazem abortos ilegais.
Esta manifestação antiaborto ocorre todos os anos e já vai na sua sexta edição.
Este ano, realiza-se na véspera das eleições locais em Zagreb, onde um candidato que representa a esquerda e os ambientalistas é o candidato favorito à vitória nas urnas, enfrentando um concorrente conservador.
“Esperamos que os políticos que nos representam a nível local e nacional respeitem o direito humano mais fundamental: o direito de viver”, disse um dos organizadores do evento, de nome Stjepan.
Na Croácia, o aborto é legal até a décima semana de gravidez, ao abrigo de uma lei que data de 1978, altura em que o país fazia parte da Jugoslávia comunista.
A lei permite contudo que os médicos recusem a prática do aborto (objeção de consciência) e, segundo estatísticas oficiais, 60% dos clínicos invocam esse direito.
O Tribunal Constitucional em 2017 ordenou que o parlamento elaborasse uma nova legislação sobre o aborto, considerando que a lei atual está desatualizada, alimentando o medo de restrições entre os defensores do direito ao aborto.
A questão do direito ao aborto divide a sociedade croata, em que 90% dos 4,2 milhões de habitantes são católicos.
FC // HB